29 de out. de 2010

Olhos

E eu não consigo negar os seus olhosContemplar seus olhos negros é suficiente para me fazer feliz! As estrelas brilham sobre os seus olhosAs estrelas nos seus olhos iluminam o céu. Você não acha que toda vez que cobre seus olhos para manter as lágrimas guardadas, elas escorrem cada vez mais baixo? Mas aqui e agora, há interesse em seus olhos. Eu vejo seu brilho, eles me matam como seus amáveis olhosO olhar em seus olhos me deixa fora de mim. Abra seus olhosEu não posso fechar meus olhos. Seus olhos se acendem como fogo. Eu vejo as estrelas, elas estão em seus olhosGosto de seu olhos bem abertos. Seus olhos estão abertos com a luz suave do sol. Seu olhar penetrou até o fundo de meu coração. O que agia sobre mim era seu olharVocê pode ler nos meus olhos as palavras que não digo. Você não pode derrubar isso com seus olhos. Mas se é verdade, você pode ver com seus olhosA verdade está escondida em seus olhose está na ponta de sua língua. Feche seus olhos e faça acreditar que é aqui que você gostaria de estar. Eu não posso forçar esses olhos para verem o fim. E toda hora eu vejo seus olhos, aonde quer que eu esteja. Seus olhos são a única coisa, para mim. Isso estava em seus olhos, e eram apenas fáceis mentiras.

- There is something I see in you.
It might kill me, I want it to be true.

27 de out. de 2010

Realidade

Correndo na bamba corda,
Sem saber se vou cair, 
Sem saber se tu recordas
De que ainda estou aqui.


Me perdi em seu olhar,
Em seu rosto delicado,
Em lindos lábios trancados
Cujas chaves sonho achar.


Se agora te conheço,
E por ti me apaixono,
Recebo só o desprezo,
A ilusão e o abandono. 

26 de out. de 2010

Ilusionista

           "Infeliz! Você está doido? Iludindo a si mesmo? Que espera dessa paixão desenfreada e sem limites? Só por ela faço agora minhas preces; em minha imaginação não há outra imagem senão a dela, e tudo o que me cerca só adquire sentido quando relacionado a ela. É certo que isso me proporciona algumas horas de felicidade, mas só até o momento em que tenho de afastar-me dela. Ah! Wilhelm, se soubesse até onde meu coração pode ir... Quando fico sentado ao lado dela, durante duas ou três horas, deliciando-me com sua presença, seus gestos, a expressão celestial de suas palavras, pouco a pouco todos meus sentidos se comprimem, uma sombra escurece-me a vista, mal consigo ouvir, e tenho a impressão de que algo me aperta a garganta, como se fosse a mão de um assassino; depois meu coração, em seu pulsar precipitado, procura atenuar meus sentidos oprimidos, mas apenas faz aumentar-lhes a pertubação... Wilhelm, muitas vezes nem sei se ainda estou vivo! E quando a tristeza me domina, e Lotte me concede o miserável consolo de desabafar meu pranto em suas mãos para aliviar-me dessa angústia... então, tenho de fugir, tenho de ir para bem longe, caminhando a esmo pelos campos. Quando isso ocorre, meu prazer é escalar uma montanha íngreme, abrir passagem através de um bosque espesso, através de arbustos que me esfolam, dos espinhos que me arranham. Então me sinto um pouco aliviado! Às vezes, esgotado de sede e cansaço, desisto e paro no caminho, no meio da noite, a lua cheia brilhando lá no alto e, então, na solidão da floresta, sento-me em um tronco retorcido, para aliviar meus pés fatigados; e, embalado por aquela meia obscuridade, adormeço exausto!... Ó Wilhelm, as paredes de uma cela solitária, o cinto de espinhos e o cilício seriam consolos à minha alma! Adeus! Para terminar esse sofrimento, só vejo um caminho: o túmulo."

Autodestruição

          "Meu amigo, só a lembrança dessas horas já me fortalece. Mesmo os esforços que faço para recordar essas sensações inefáveis, para exprimi-las novamente, elevam minha alma acima de si mesma, embora me façam, em seguida, sentir duplamente a angústia de minha situação presente.
          É como se o palco da vida infinita se descortinasse diante de minha alma, e eu ali avistasse apenas um túmulo abismal eternamente aberto. Você pode dizer: "É isso mesmo!". E quando tudo passa? Quando tudo se precipita com a rapidez do raio, quando a força de seu ser se aniquila, e você se vê, ah!, arrebatado, arrastado pela torrente, esmagado contra os rochedos? Não há momento que não os destrua, a você e aos seus; não há momento que não produza, em você próprio, um destruidor. O mais inocente passeio custa a vida de milhares de pobres insetos; um só de seus passos arruina o paciente labor das formigas e enterra um mundo inteiro em um túmulo indigno. Ah! O que me comove não são as grandes e raras catástrofes do mundo, essas inundações, esses tremores de terra que devoram as cidades; o que me dilacera o coração é a força destruidora que está oculta no ventre da natureza, e nada produz que não destrua o próximo e não se destrua a si mesma. E, assim, prossigo claudicante minha angustiosa caminhada, rodeado pelo céu, pela terra e por suas forças ativas: avisto apenas um monstro que devora e rumina eternamente."

- Os Sofrimentos do Jovem Werther.

Devaneios

O inevitável havia nos juntado. E por fim, o 'destino' existe?  Mergulhei em seus profundos e inexplorados olhos. Encantadores olhos! Apaixonantes olhos! Descobri o novo, novamente. Apaixonei-me pelo não-descoberto. E sua pele branca e pálida. Seu semblante, suas linhas... Encantaram-me por completo. Eu fazia o destino mudar o seu percurso, naquele instante em que te vi. A primeira vez que eu dei uma rápida olhada em você, meus pensamentos passaram a ser só você. Minhas mãos tremiam rápido, quando você se aproximou. E eu jamais queria me separar de você, daquele instante em diante. Eu queria poder lhe contar que meus olhos não conseguem ficar longe dos teus, que meus suspiros são resultantes daquilo que sinto secretamente por ti.  E quando nossos olhares se encontram...


(...)

24 de out. de 2010

Calendário

O céu desabava incessantemente, assim como as lágrimas em meu rosto entristecido pela vida desgraçada que estava levando já a algum tempo. Estava claro que certos fatos haviam deixado aquilo como consequência, mesmo que inconscientemente. Malditos domingos. O dia estava cinza. Aonde fora parar as cores do mundo? Pensar sobre o que poderia estar acontecendo era intensamente desagradável, para não dizer terrível. E de estar ciente de que de um instante para o outro, TUDO pode mudar. Jamais duvide disso como eu duvidei. O tempo provou-me sua eficácia, provou-me que mudanças eram impossíveis de serem evitadas, não importa o que você faça para impedir isso. De repente, nada mais parecia brincadeiras de mal gosto. Era muito mais sério do que isso. Não tinha nada de "brincadeira". Estavam todos tão sérios como jamais estiveram em todas as suas vidas. Jamais havia imaginado que aquilo aconteceria. Gerações que se davam tão bem juntas! Ao menos na maioria das vezes. "Lembro-me de quando tentaram estragar a minha vida." Quão injustiçado foi você foi! E que ironia, a culpa é sempre alheia. E que ironia, Senhor da Razão! "Se agi assim, foi por causa de suas atitudes." Quantidades extremas de indignação permeavam em meu sangue fervente de raiva oculta por tempo demais. Tempo demais...  Mais tempo do que eu poderia aguentar silenciosamente. Rejeitava o seu toque decididamente. E quanto mais insistia, mais o repudiava dentro de mim. "Você não se lembra que estava me devendo uma?" "Não." E após essa curta troca de palavras, tudo fazia sentido. E a raiva aumentava e queria transbordar. Ameaçava que iria explodir por meio de lágrimas ácidas que encharcavam meu olhos. Fazia de tudo para me controlar. Engoli em seco uma vez. "Você não gosta dessa música?" Nenhuma resposta vazou de mim. Com uma certa irritação, desligou a música, vestiu-se com seus óculos escuros e passou a dirigir mais rápido. Não havia um barulho sequer no mundo. Engoli em seco pela segunda vez. A chuva caía sem hesitar, molhando tudo em volta do maldito carro. E como eu queria voltar ao tempo e tirar esse domingo do calendário. Escondido atrás de seu escudo, nenhuma outra palavra seria proferida. Em frente à minha casa, o carro parou. E a vontade de estar em casa agora parecia mais do que extraordinária. "Desculpe-me." "Tchau." Os dois sabiam que essa seria a última vez que se falariam em muito tempo. Desci do carro e sem olhar para o percurso que este faria, digiri-me ao portão de entrada. A chuva caía, juntamente com as lágrimas que eu estava controlando a muito tempo. Tempo demais. "Está tudo bem?" "Claro!..." Menti descaradamente e, sem mais, tranquei-me em meu mundo de dor e desgraças...

20 de out. de 2010

Entrelaçados

Ela não podia ter muitas certezas em sua vida, porém tinha algumas. Uma delas era que ela amava. Amava um garoto cujos cabelos eram loiros e olhos límpidos como cristal. Estava claro para ela o fato de que não existia razão suficiente para continuar a viver sua vida, se não pudesse fazê-la ao lado dele. Queria saber de todos os passos, pensamentos, atos, manias e hábitos dele. Queria que a única certeza de sua vida fosse ele. Mas o tempo não permitiu, e diversas vezes tentou os separar definitivamente. Dessa vez, ela achava que ele finalmente havia conseguido. Não haviam trocado palavras, olhares, suspiros há tempo demais. E ela ainda o tinha em sua mente, como se fosse recente a história que compartilharam. 
Estava chovendo intensamente, o que estava acontecendo bastante. Ele fugia das gotas da chuva que atingiam bruscamente suas roupas e pele, que ficaram encharcadas rapidamente. Fazia o possível para cortar caminho e chegar em sua casa o quanto antes. Déjà vu. Quando se deu conta, estava em frente a casa dela. Tantas lembranças, tantos momentos... Questionava-se se seria uma boa idéia chamar por ela em uma hora daquelas. Estático, já não podia mais fugir. Nem da chuva e nem de nada. Contudo, vinha um carro em alta velocidade em direção ao garoto paralisadamente hipnotizado por seus pensamentos que falavam mais alto do que nunca. Em decorrência da intensa chuva, o freio do carro não pôde impedir que um acidente acontecesse naquele instante.
Ela ficou sabendo sobre o incidente naquela mesma tarde chuvosa. Angustiada e sem ação, pensava desesperadamente em algo para fazer, algo que pudesse o ajudar naquele momento. Não queria que ele partisse para sempre. Porém, o que mais a desestabilizou foi saber que o acidente havia ocorrido em  frente a casa dela, isso significava que ele havia passado por lá e, consequentemente, parado naquele local. Talvez ele ainda a amasse, pensou ela.  Notícias chegaram depressa a ela e ficou sabendo que ele precisava urgentemente de um transplante de coração para sobreviver. Sem mais, decidiu instantaneamente que cometeria suicídio em nome dele, com o único e óbvio objetivo de doar a ele seu sofrido coração que, apesar de tudo, ainda batia.
Pulou da janela do último andar de seu prédio. Antes de tal ato, escreveu um curto bilhete, informando a razão de ela ter feito o que fez.
" Não tinha intenções de cometer suicídio, porém não tive outra escolha. Ao saber que me único e eterno amado havia sofrido esse acidente, logo em frente a minha casa, comecei a ter idéias de que talvez ele sentisse por mim, o mesmo que sinto por ele. Não encontro mais razões para continuar a viver, se não for o acompanhando pelo resto de sua vida. Então, deixo para ele meu coração, com tudo que sinto e senti. Enquanto esse coração bater, seja em mim, ou nele, estaremos para sempre juntos. Adeus. "
Apesar do desespero de sua família, o coração foi doado ao garoto, que agora vivia em decorrência do transplante.
Dizem que quando um órgão é doado, o receptor pode herdar características próprias do doador. E então estavam, dessa forma, juntos em um só corpo.

18 de out. de 2010

Everywhere

Vire, para que eu possa ver a parte de você que está tomando conta de mim. E quando eu acordo você nunca está lá, mas quando eu durmo, estás em todos os lugares. Você está em todos lugares. Apenas diga-me como eu cheguei até aqui. Diga-me porque estás aqui e quem és. Porque toda as vezes que olho, nunca estás lá. E todas as vezes que durmo, estás sempre lá. Porque estás em todos os lugares para mim, e quando eu fecho meus olhos é você que eu vejo. Você é tudo que me faz acreditar que eu não estou sozinha. Eu reconheço o jeito que me faz sentir. É difícil pensar que você não pode ser real. Sinto que agora as águas estão ficando profundas. Eu tento lavar as dores pra longe de mim. Porque você está em todos os lugares para mim, e quando eu fecho meus olhos é você que eu vejo. Você é tudo que me faz acreditar que eu não estou sozinha. Quando eu toco em suas mãos, é, então, quando eu entendo que a beleza está por dentro. Não importa pra onde vá, eu sempre te sinto. Porque você está em todos os lugares pra mim, e quando perder a respiração, respirarei você. Você é tudo o que eu vejo. Então me diga, você me vê?

15 de out. de 2010

Infatuation

Here we go again, infatuation. Touches me just when I thought that it would end. Oh, but then again it seems much more than that but I'm not sure exactly what you're thinking. I toss and turn all night, thinking of your ways of effection, but to find that it's not different at all, I throw away my past mistakes and contemplate my future. Would I last forever? You and I together, hand and hand. We run away (far away). I'm in for nasty weather, but I'll take whatever you can give that comes my way.


No more doubt

Words get trapped in my mind, sorry I take the time to feel the way I do. Cause the first day you came into my life, and time ticks around you? But then I need your voice, hands the key to love tragedy. So tell me when it's time to say I love you. All I wanted you to understand, that when I take him in, it's cause I want to. We are all born and we're in doubt. There's no doubt, I figured out... I love you.

Em busca de uma utilidade

A garota não sabia mais o que deveria ser feito! Decidiu, desde então, que, por todo e qualquer lugar que você passasse, deixaria um rastro, um pedaço, uma digital, ou qualquer coisa que pudesse te lembrar da existência dela. Começou a caminhar pelas ruas, e deixando nelas sempre um fio de seu cabelo. Nas flores, despejava o seu perfume. As gotas de chuva eram suas lágrimas. Deixou seus dedos dos pés em todas os parques e florestas que pôde. E seus dedos das mãos em todos os pianos. Seus beijos em todas as cartas de amor. Seus olhares em qualquer lugar que pudessem ser encontrados pelos seus. Seu sorrisos em sua risada sincera. Seus lábios, em em lugar aonde pudessem falar. Seus ouvidos, em um lugar aonde fosse necessário escutar. Seus olhos, em um lugar aonde necessitassem enxergar. Seus braços estaria lá, sempre dispostos a te abraçar. Suas mãos estariam sempre prontos para bagunçar o seu cabelo. Seu colo, sempre livre para que você pudesse deitar. Suas pernas para sempre caminharem contigo.     
(...)
Deixou a sombra dela contigo, para que pudesse sempre te acompanhar. Deixou o coração dela contigo, para que pudesse servir para algo, quando o seu parasse de bater. 

11 de out. de 2010

Opostos se destroem

Em meio à multidão, dois opostos. Um olha para o outro. Eles já se conheciam. Um ignora o outro. É sempre assim. Ela prende a respiração. Ele, não. Indiferença, indiferença; faz, faz diferença. Seguem ao mesmo destino, evitando o outro ao máximo. Era intensamente difícil, e ao mesmo tempo, fácil, para ela. Os dois dividiam os mesmos amigos. Ela não olhava muito para ele. O orgulho a impedia. Bendito orgulho! Ela sabia que se olhasse, faria mal para ela. Mas estava ciente também de que, se não olhasse, se arrependeria depois; escolheu o arrependimento. Mesmo com todo o desgosto, desejo, orgulho, ela estava definitivamente decidida de que não lhe dirigiria a palavra e que não olharia em seus olhos venenosos novamente. E assim fez. Passaram um tempo "juntos" e simultaneamente "separados". Foi assim até o fim. Ela teve que ir embora. Não tinha certeza se comemorava ou fazia algo para ficar mais tempo lá. Ao andar pelo labirinto lotado com a multidão desconhecida, ela repassava seus atos e erros em sua mente. Seu coração batia com uma velocidade incrível, sua respiração mantinha-se ofegante. Seus passos eram desesperados, e percorriam o local depressa. Ela tinha lembranças, confusões, discussões, arrependimentos, desilusões, e bons momentos embaralhando seu raciocínio. Não sabia o que fazer, como fazer, para onde ir. Na procura insana por um portão de saída, ela deu o passo final. Não havia lugar para sentar, todos estavam ocupados. Ela não se importava. E aquela dor de cabeça que estava sentindo, já não a atormentava. Sem ação, permaneceu de pé, olhando para o nada, enquanto esperava sua mente e coração chegarem a um acordo, enquanto esperava seus pensamentos se acalmarem, enquanto esperava seu sistema respiratório voltar a funcionar. Desabava internamente como um prédio com falhas em sua construção. Mas procurou não demonstrar fraqueza em todo o caminho de volta para casa. 

- Não existem possíveis consolos. As palavras certas fogem constantemente de nossas bocas. Não existem opções. Não existem escolhas. Tudo está interligado. (repito essa frase tantas vezes somente na ilusão de convencer-me de que ela é realmente verdadeira.)


"Difícil é ter que agüentar ver você passar e não poder respirar do mesmo ar."

8 de out. de 2010

Imaginário

Há dias espero por você. Espero que apareça e ilumine a minha noite. Espero que acenda as luzes em mim que foram apagadas. Espero reviver, quando você aparece. Há uns dias, você apareceu. E sorriu para mim como nunca havia antes. Seu sorriso inacreditável causou em mim muito mais do que eu imaginava. Você costuma sumir bastante. Porém, sempre sei que em algum outro dia, você voltará a brilhar na minha janela, e me fazer brilhar enquanto durmo, enquanto sonho contigo. Você tem poderes sobrenaturais. Poderes de trazer para mim, coisas que haviam desaparecido. Nem sei se você é real..

Sem mais

Dê a mim uma razão pra ficar, porque eu não quero viver no receio. Eu não posso parar a chuva, mas eu posso parar as lágrimas. Oh, eu não posso lutar contra o fogo, mas eu posso lutar contra o medo. Sem mais, eu apenas não posso viver assim. Sem mais, eu não aguento, não aguento mais. O que nós podemos esperar, se todos nós vivemos no medo? Dê a mim uma razão pra acreditar que não quer me ver ir. Faça-me acreditar que um dia você vai mudar, e finalmente fará as coisas que precisa fazer. Diga a mim que um dia você vai cumprir o seu papel. Faça-me acreditar em você.

Extremos

Você pensa que faz o que quer, não faz. E que quer fazer o que faz, não quer. Tá pensando que Deus vai ajudar, não vai. E que há males que vêm para o bem, não vêm. Você acha que ela há de voltar, não há. E que ao menos alguém vai escapar, ninguém. Paro pra pensar, mas não penso mais de um minuto sem pensar em alguém que não pára pra pensar em ninguém. Você acha que eu tenho demais, roubei. Você acha que eu não sou capaz, matei.

Retrato

"Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?"


Cecília Meireles

Trechos

"I've seen this face once before, and I don't think I can do this again."

"I'm through thinking of things to say to you. It's true, I've said enough and so have you. Tongue tied from all the little things, and they're the reason that I scream."

"Can't get much clearer. Can't make this all go away. Now that you're bleeding, you stare at the ceiling, watch as it all fades away: From what you do, because of you."

"Theres something I cant see. There's something different in the way you smile. Behind those eyes you lie, and theres nothing I can say, cause I'm never gonna change your mind, behind those eyes you hide.

"You say that you're sorry, and you say now that it hurts you the same. Is there something here to believe, or is it just another part of the game?

Chuva ácida

Estou tentando não olhar para seus olhos e desabar tudo o que prendo em mim. Estou tentando não chorar, ao escrever essas palavras. Tento controlar-me. Se eu pudesse voltar ao tempo... Talvez eu escolhesse jamais ter te conhecido. Após tantas promessas quebradas por mim mesma, prometia a mim que jamais voltaria a procurar-te novamente. Prometia que jamais iria à lugares aonde poderia lembrar-me de você. Prometi que não faria promessas que não conseguiria cumprir. Falhei.

Apague o indelével

Descobri à duras penas que não sou forte o bastante para lutar contra os seus olhos, o seu olhar. Tentei usar do anonimato para falar com você. Quem sabe assim me trataria diferente. E com ele, descobri mais uma vez que não vale à pena. Tentei demonstrar meu interesse, recebi humilhação.  Tentei ser tudo, todas, a única, ganhei decepção. Mas uma vez eu me lembrei do porque de tudo. Lembrei-me porque desisti. Lembrei-me porque eu não poderia jamais de ver novamente. Lembrei-me de tanto, que já não existem prós. Agora, fujo de você, aonde quer que esteja. Espero que mantenha-se distante de mim. Jamais aproxime-se novamente. Agora, desisto sem hesitar dessa ignorância, desse apego, desse vão sofrimento.

- Your verse got trapped inside my head, over and over again. You played yourself to death in me. So you invade my sleep and confuse my dreams, turn my nights to sleepless itch. Stuck on you 'till the end of time. I'm too tired to fight your rhyme. Stuck on you 'till the end of time, you've got me paralyzed. You're everywhere inside my room, even when I'm alone I hear you, you're everywhere inside of me. No I can't escape your inside rhyme, when you shoot it deep straight into my mind.

7 de out. de 2010

Imensidão

                                                                                                                                           "18 de agosto
        Por que razão aquilo que representa a felicidade do homem também se transforma na fonte de sua desventura?
Toda a atração e sensibilidade pela natureza viva - que alimentava e aquecia meu coração, transformando o mundo a minha volta em um paraíso cuja força benigna me perpassava por inteiro - tornaram-se agora para mim um tormento insuportável, que me persegue por toda a parte. Quando, do alto de um rochedo, euu antes contemplava, para além do rio, o fértil vale estendendo-se até as colinas distantes, e tudo germinava e florescia em torno de mim; quando observava essas montanhas revestidas, do sopé ao cume, de árvores imensas e frondosas; os vales sombreados pelas matas e o sereno regato que deslizava entre bambuzais sussurantes, refletindo as graciosas nuvens que a doce brisa da tarde embalava no céu; quando, depois, ouvia os pássaros animarem a floresta e milhares de enxames de mosquitos dançando alegremente nos derradeiros raios do sol poente, cujo último e cintilante olhar libertava da relva os besouros que zuniam; quando meu olhar era atraído para o chão por sons repentinos e movimentos ao redor, e o musgo, que extrai seu alimento do rochedo, e as giestas, crescendo na encosta da colina arenosa, revelavam-me a intimidade divina e ardente da vida da natureza: como todas essas coisas encantavam o meu coração, fazendo-me sentir como um deus. E, assim, as maravilhosas imagens do imenso universo moviam-se e animavam-se em meu espírito, vivificando-o! Enormes montanhas rodeavam-me, abismos se abriam diante de mim e formidáveis torrentes, alimentadas pelas chuvas, se precipitavam; os rios corrian a meus pés; os estrondos da floresta e da montanha ressonavam, e eu via todas essas forças misteriosas agindo e se combinando nas profundezas da terra; e, também, na superfície e no céu, a expressão de múltiplas e diferentes criaturas. Ah! Quantas vezes desejei ter as asas de um grou para poder voar até as margens do mar imenso, e beber, na taça espumante do infinito, o delicioso impulso da vida, e sentir, ao menos por um instante, no espaço pequenino de meu peito, uma gota de felicidade do Ser que engendra tudo e todos."



5 de out. de 2010

Os sofrimentos

(...)
Por fim, os ardores da juventude se fizeram sentir, aumentados, naturalmente, pelos elogios dos homens; seus antigos prazeres foram se tornando, pouco a pouco, sem graça, até o dia em que encontrou um homem para o qual um sentimento desconhecido a atraiu com uma força irresistível e em quem depositou todas as suas esperanças. Esqueceu o mundo inteiro; nada ouvia, nada via, de nada gostava, a não ser dele, apenas dele. e só por ele suspirava. Como não estava corrompida pelos prazeres vazios de uma vaidade inconstante, seus desejos foram direto ao ponto: queria ser dele; desejava, nessa união eterna, encontrar toda a felicidade que lhe faltava, experimentas a um só tempo todas as alegrias pelas quais aspirava. Diversas promessas, que lhe renovavam as esperanças, carícias audazes, que lhe estimulavam os desejos, tudo isso acabou subjulgando a moça. Começou a flutuar em um sentimento confuso, antegozando todas as alegrias. Exaltou-se intensamente e, afinal, estende os braços em direção a todos os seus desejos... E o bem-amado a abandona... Antônita, desvairada, ela viu-se em face do abismo. A seu redor, a noite profunda, nenhuma perspectiva, nenhum consolo, nenhuma esperança: porque aquele em quem sentia resumir-se sua vida a abandonara. Ela já não via o grande mundo que se abria diante de si, nem os numerosos amigos que poderiam lhe atenuar o desgosto daquela perda; sentia-se isolada, abandonada por todos... E, cega, oprimida pelo horrível sofrimento de seu coração, precipitou-se no abismo para sufocar nos braços da morte todas as angústias que a consumiam.

- A mesma história acontece com muita gente...

(Pequeno trecho tirado do livro "Os sofrimentos do jovem Werther".)

3 de out. de 2010

So goodnight

Eu podia sentir a sua presença, antes mesmo de avistá-lo. E quando me dei conta, havia passado por mim, e ignorado tão facilmente a minha existência... Ao te ver, não precisei procurar diferentes formas para conseguir respirar, ou controlar meus olhos e pensamentos para distanciá-los de ti. Eu sou estava lá, a observar-te. Com meus olhos, segui teus passos, movimentos, gestos, palavras. Mas não o observava hipnoticamente. Não senti aquela vontade incontrolável de jogar-me aos teus braços e deixar tudo para trás, esquecer de tudo o que havia passado.  Só queria apreciar aquele último momento, em que te vi. Talvez tenha sido nosso último encontro por acaso. Ou talvez não. Naquele momento, te enxerguei como uma pessoa com quem passei diversos agradáveis momentos, alguém que pertencia ao meu passado, não futuro. E por mais que minha vontade fosse de tê-lo em meu futuro... Não havia mais nada que pudesse ser feito entre nós. Tentamos de diversas formas, tentei mais do que você. Havia me contentado em tê-lo apenas em minhas lembranças. E estava tudo bem. Ainda olhando para você, e ao mesmo tempo sorrindo, houve uma ligeira troca de olhares entre nós. 
Por mais que tentemos esquecer, desistir, sempre nos conheceremos. Por mais que tentemos ignorar que algo, em graus diferentes de importância, aconteceu entre nós, sempre ficará essa vontade de fazer tudo de novo, só mais uma vez. E então, desviei meu olhar de alguém que passou, arrancou uma parte de mim, e foi embora, levando-me consigo.

1 de out. de 2010

Opostos complementares

Se queres porto-seguro,
Promessas, planos, futuro,
Saibas que só quero incêndios,
Risos, fogo, gerúndios.


Se queres ser inconstância,
Sou completa independência.
Se és multiplicidade,
Sou a impulsividade.


Se queres perfeccionismo,
Saibas que estou longe disso.
Se queres libra, aquário,
Saibas que sou de sagitário!