28 de mai. de 2013

Desesperança

Eu levo a vida como quem morre
Esqueço as dores pelo caminho
Não vejo as pedras, olvido as flores
Desfaço amores, sigo sozinho.

Eu levo a vida como quem morre
Deixo os meus sonhos só para os loucos
E para os moços que aqui viveram
Deixo os meus versos, que já são poucos...

Eu levo a vida como quem morre
Eu fujo ao riso, escapo ao pranto
Faço do tempo um bom amigo
E do sepulcro o meu recanto.

Eu levo a vida como quem morre
Não tenho mágoas, nem hei de tê-las...
Eu levo a vida como quem morre
E morro cego, como as estrelas...

- Vanessa Munhoz

20 de mai. de 2013

Vitalidade ausente

Agora, com um sorriso nos lábios, eu digo que, tentando incessantemente fazer com que você se encontrasse, acabei me perdendo. Eu sorrio para me forçar a aguentar, sorrio como tentativa de sobreviver. Sinto-me como um morto-vivo: um cadáver ambulante - com pulmões que não mais conseguem respirar; coração que não mais consegue manter a vida, que não é mais capaz de bombear o sangue. Sangue...! E o sangue, aonde é que foi parar? O sangue, também o perdi. Permiti que ele de mim fosse sugado, permiti que tirassem de mim o que me mantinha vida. Perdi a minha vitalidade. Foi este vampiro que apareceu, abriu meus olhos e me sugou o sangue - até que não houvesse mais nenhuma gota de mim. E agora, o que sou? Sou nada, sou ninguém, não existo mais. Sou pó, sou o sentimento sem vida, o corpo que tenta resistir o seu fim. Sou o vazio que tentei preencher. Dei tanto do que eu tinha, que acabei virando resíduo. Eu dei tanto... e ainda não foi o suficiente. Sou quem nega a vida, pois não consigo mais viver. Sou quem nega o amor, pois não consigo mais amar. E quem me matou? O limite, em todos os seus aspectos. O limite limitou-me à não-vida, e ela é a última coisa que me resta.

7 de mai. de 2013

Limite

O chuveiro jorra os 130 litros de lágrimas que não consigo mais chorar... E quando fecho os olhos, sinto um sopro frio se aproximando de mim. Existe algo engasgado na minha garganta, algo que não quer ser dito - algo que estou negando com todas as minhas forças. Tomo as dores que estão por vir, elas me acertam profundamente. "Escrevo para não explodir." Alguma hora devo cansar de responder automaticamente que estou bem. E quem é o tolo que não consegue perceber isso? Na verdade, acho que aprendi a sorrir, mesmo estando triste. Queria saber quando essa sensação vai passar - de estar enganando a mim mesma, de estar adiando o inevitável...
Não vou mudar ao ponto de deixar de ser quem eu sou, e não espero isso de você também. Mas preciso que saiba que da forma que está, não suporto mais. Não quero mais ter que suportar. Não quero mais tentar preencher o vazio que não tem fim, dentro de você. Tudo isso cansa demais. Cansei de ser perfurada por palavras impensadas e exaltadas - elas doem demais. E cansei de desculpas desesperadas, medidas improvisadas e soluções momentâneas.

- A foice corta o que precisa ser mudado. A morte do velho está por vir. A princesa de paus se liberta!