Quimeras

Tuas palavras me são mudas,
Teu toque já não me alcança
Tua voz faz de mim, surda,
E teu olhar, prestes a me cegar.

Tua alegria faz de mim, morta,
Pois sei que és feliz sem mim.
E insisto em acreditar em quimeras
De que voltas, em outras eras.

Se hoje sinto meu coração palpitar
É porque hoje penso em você.
Se estás longe quando tento voltar,
Já não sei mais o que fazer...

Meu sonho

"Procurei-te em vão pela terra,
perto do céu, por sobre o mar.
Se não chegas nem pelo sonho,
por que insisto em te imaginar?

Quando vierem fechar meus olhos,
talvez não se deixem fechar.
Talvez pensem que o tempo volta,
e que vens, se o tempo voltar."

- Cecília Meireles

Sete palmos abaixo da terra

Me escapa a sanidade -
A loucura corre em minhas veias.
O que me mata é a saudade,
E minha mente me incendeia...

O que me move é a sabotagem,
Meu ar é autodestruição;
Enquanto a felicidade me for clandestina,
Jamais me levantarei do chão.

Já não sei mais quem sou,
Não sei quem habita meu corpo -
De mim mesma estou perdida...

Meu coração está em cacos,
O ar puro foge de mim,
Estou presa em meio ao caos.

Luz e sombra

Deve ser um esforço árduo ter que guardar para si mesmo o que sente. É um esforço árduo. Eu passo por isso, todos os dias. Sinto que tem uma força que me controla. Sinto coisas irreconhecíveis, percebo como não sei lidar com a minha sombra. Isso não é surpresa para mim. Apenas peço que me desculpe. Vejo claramente agora a minha sombra, e isso me aterroriza. Você sabe que não sei lidar com ela. Me vejo sentindo raiva, me vejo querendo causar o mau, isso é novo para mim, me ver fazendo essas coisas. Normalmente eu só as faço e nem percebo mesmo. Agora estou aqui, no lugar aonde me coloquei, por causa do meu orgulho, ajoelhada. Estou me curvando, reverenciando. Nada do que vivemos foi mentira, espero que saiba disso. Essas lágrimas que derrubo são o meu orgulho escorrendo de mim, são os meus piores defeitos que nem eu mesma consigo aceitar. Estou crescendo, deve ser isso. Admitir a sua sombra, faz dela, sua luz.

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http://www.youtube.com/watch?v=FFZaQ6als_8

Descontentamento

Não me contentam migalhas;
Não mais contenho explosões;
Não sei se eu seguro a navalha,
Ou se ela me corta em milhões.

Não quero sofrer em vão;
Não contenta-me a solidão;
Não me agradam segredos,
Mentiras, amargura e medos.

Não sei se perdi a batalha,
Se engasguei com minhas falhas,
Ou se apenas não sei dizer não.

Não sei passar dessa muralha
Que me impede, que limita,
Que se cair, me estraçalha.

A perda

Até os melhores amigos se despedem. O que mais a vida quer provar? 

A saudade existe - disso já sei há tempos. Sinto saudades, muitas saudades.

Jamais serão como já fomos um dia - não há nada que se compare a o que conseguimos ser.

E conseguimos, sim, com muito esforço.

E perdemos tudo, sim, de forma tão fácil...

Porque perder é muito mais frequente do que ganhar? O que de fato é perder?

Porque precisamos nos perder novamente, para poder nos reencontrar?

Porque precisamos de todo esse processo novamente? Será que é mesmo o processo que se repete?

Bom, os fatos se repetem.

Existe a necessidade de viver esse processo de separação - ficar longe, saber que perdeu, sentir isso todas as noites.

E quanto tempo mais teremos que nos segurar? 

Estou cansada, jamais estive tão cansada... E esse cansaço não cessa jamais.

E como você se sente? Já está brilhando novamente? Já se sente vivo? 

Desculpe, não posso ter nenhuma resposta - elas já não me pertencem mais.

Eu hei de viver - de aprender a viver - sem ti, se estiveres errado.

Mas se estiveres certo...

Até logo.