Me movo no automático,
Repetindo padrões, revivendo reações.
Sinto o mesmo nó na garganta,
O mesmo aperto no estômago...
Prese em teias padronizadas,
Carregadas de dores de um passado presente.
Algo explodiu no infinito. Fez de migalhas, um céu pontilhado em negrito. Um ponto meu mundo girou pra criar num minuto todas as coisas que são para manter ou mudar...
Me movo no automático,
Repetindo padrões, revivendo reações.
Sinto o mesmo nó na garganta,
O mesmo aperto no estômago...
Prese em teias padronizadas,
Carregadas de dores de um passado presente.
Facas cortando cada tentativa de expressão.
Quando um sentimento é reprimido... o que antes era tão belo, tão puro e sincero, num piscar de olhos se torna dor, aperto, lágrimas desesperadas pra desabar. Acontece que eu não me permito mais reprimir as coisas e fingir que está tudo bem como eu fazia antes. Eu não posso demonstrar, não posso expressar, não consigo falar... Sinto tanta coisa aqui presa dentro de mim. Sentimentos são realmente coisas devastadoras.
Acho que me perdi tentando te acompanhar. Me perdi tentando me adaptar a você. Acabei me misturando demais com você. Como é que eu cheguei aqui? Por que eu sempre chego aqui? Por que eu sempre me misturo demais? Parece que não sei direito identificar as fronteiras entre eu e você, ou talvez seja mais amplo: as fronteiras entre eu e o mundo. De alguma forma sempre acabo me espelhando, me mudando, tentando me encaixar nos outros.
Não entendo porque é tão difícil abrir mão da possibilidade de viver algo mais profundo com você. Parece que não consigo aceitar. Parece que eu prefiro acreditar que algum dia você vai mudar de ideia e finalmente poderemos nos permitir. Tenho medo de assumir meus sentimentos por você e isso estragar tudo... Tenho medo de assumir que eu gosto de ti, que eu te amo muito e que me sinto apaixonade. Eu sei... partes de mim sabem que é tarde demais. Como se minha oportunidade já tivesse passado e eu não fiz nada sobre isso. Partes de mim não querem acreditar que não vamos viver essas experiências. Me sinto em negação. Não quero me afastar de ti... Não quero nos sentir distantes. Eu queria poder te olhar sem medo, sem logo ter que desviar. Queria te olhar profundamente, te observar nos detalhes, nas suas cores e formas. Queria te tocar, sentir a sua temperatura combinada com a minha, sentir a efervescência de nossos olhares se abraçando e o calor que surge com nosso encontro. Queria poder expressar tudo o que sinto com a sua presença, com nossas trocas. Quero poder te ver como você é, com todas as partes que lhe compõem. Quero que a gente possa ser apenas o mais verdadeires possível. Que possamos comunicar, mesmo com o medo de perder, mesmo com o medo da rejeição.
Quando estou só,
Sinto portais se abrindo,
Vários eus emergindo,
Me permito simplesmente ser.
Mas quando estou com outres,
O olhar externo pesa sobre mim.
As expectativas, as caixinhas limitantes,
Tento ser o que acho que você quer
Me moldo, me adapto, me escondo.
Mascaro partes de mim,
Me sufoco numa performance
Tentando lhe agradar....
Não dá mais pra ser assim.
Que eu possa criar conexões profundas e seguras o suficiente para que eu possa ser eu mesme, cada vez mais eu mesme.
Não aguento mais barrar sentimentos.
Muros construídos para impedir o fluxo...
Preciso me deixar conter....
Incendeio memórias que criei em meus delírios,
Preciso me desprender e deixar queimar....
De nada adianta o mais belo sentimento surgir
Se não posso te alcançar,
Se tenho que te deixar ir
Como cinzas jogadas no mar...