28 de jun. de 2025

 A espera é como estar à mercê

da minha própria imaginação —

onde o sonho se realiza,

mas ainda parece um sonho.

Aos poucos, os detalhes se turvam,
ficam borrados na memória,
restam só lembranças —
teu toque, a calma,
nosso encontro tecido em sussurros,
lábios que se tocavam
no silêncio aconchegante.

a espera me dilacera aos poucos —

vou preenchendo o silêncio

com perguntas, medos e esperanças.


revivo explosões de sentimentos

que tentei muito adormecer...

eu não sei o que fazer

com tudo isso.


9 de abr. de 2025

Vejo o invisível

Te amei como se amam

As coisas que não se tocam:

Com olhares que não se cruzam

Por medo de seu encontro;

Com dedos trêmulos, carregados

De desejos que tentei sufocar;

Com silêncios que gritam tudo

Que eu ousei calar.


Te esperei sem relógio,

Sem cobranças, sem promessas,

Sem garantias...

Na esperança ilusória de que

Um dia viveríamos o impossível.

Te esperei mesmo sabendo 

Que seus muros são impenetráveis,

E que teria que me contentar

Em apenas admirá-lo, daqui de longe...

21 de jan. de 2025

Eu te vejo

Me movo no automático,

Repetindo padrões, revivendo reações.

Sinto o mesmo nó na garganta,

O mesmo aperto no estômago...

Prese em teias padronizadas,

Carregadas de dores de um passado presente.


Vozes sussurram em meus ouvidos

Frases que cortam aonde tocam

Me fazem crer que eu não deveria existir

Que se eu sumisse, o mundo seria um lugar melhor.






30 de out. de 2024

 Facas cortando cada tentativa de expressão.

Quando um sentimento é reprimido... o que antes era tão belo, tão puro e sincero, num piscar de olhos se torna dor, aperto, lágrimas desesperadas pra desabar. Acontece que eu não me permito mais reprimir as coisas e fingir que está tudo bem como eu fazia antes. Eu não posso demonstrar, não posso expressar, não consigo falar... Sinto tanta coisa aqui presa dentro de mim. Sentimentos são realmente coisas devastadoras. 

Acho que me perdi tentando te acompanhar. Me perdi tentando me adaptar a você. Acabei me misturando demais com você. Como é que eu cheguei aqui? Por que eu sempre chego aqui? Por que eu sempre me misturo demais? Parece que não sei direito identificar as fronteiras entre eu e você, ou talvez seja mais amplo: as fronteiras entre eu e o mundo. De alguma forma sempre acabo me espelhando, me mudando, tentando me encaixar nos outros.

18 de set. de 2024

Aperto no coração

Não entendo porque é tão difícil abrir mão da possibilidade de viver algo mais profundo com você. Parece que não consigo aceitar. Parece que eu prefiro acreditar que algum dia você vai mudar de ideia e finalmente poderemos nos permitir. Tenho medo de assumir meus sentimentos por você e isso estragar tudo... Tenho medo de assumir que eu gosto de ti, que eu te amo muito e que me sinto apaixonade. Eu sei... partes de mim sabem que é tarde demais. Como se minha oportunidade já tivesse passado e eu não fiz nada sobre isso. Partes de mim não querem acreditar que não vamos viver essas experiências. Me sinto em negação. Não quero me afastar de ti... Não quero nos sentir distantes. Eu queria poder te olhar sem medo, sem logo ter que desviar. Queria te olhar profundamente, te observar nos detalhes, nas suas cores e formas. Queria te tocar, sentir a sua temperatura combinada com a minha, sentir a efervescência de nossos olhares se abraçando e o calor que surge com nosso encontro. Queria poder expressar tudo o que sinto com a sua presença, com nossas trocas. Quero poder te ver como você é, com todas as partes que lhe compõem. Quero que a gente possa ser apenas o mais verdadeires possível. Que possamos comunicar, mesmo com o medo de perder, mesmo com o medo da rejeição.