24 de nov. de 2013

Laranja

Eu me entreguei. Entreguei-me a vida, entreguei-me por inteira. Tornei-me única com o escuro, com as deusas, os deuses, os demônios sorridentes. Tornei-me única com os seres da floresta que dançavam para mim - chamavam-me para acompanhá-los. Tornei-me única com o Preto Velho, com a água, com a limpeza. Tornei-me apenas uma, com todo o amor que já pude receber. Senti-me pronta para passar para frente todo o amor que me fora dado; senti o amor preencher todas as células do meu ser. Tornei-me amor. 
Passei o amor pra frente, para essa linda menina dos cabelos claros, sorridente, leoa. Dei a ela tudo o que existia dentro de mim. Tornei-me um casulo negro, envolvida com minhas próprias sombras, fiz as pazes com a escuridão. Fiz as pazes com o medo do escuro, com o medo. Entendi que o bom não existe sem o mal, que a luz não existe sem a escuridão. Entendi que possuo, dentro de mim, luz, escuridão, bom, mal, caretas, sorrisos, lágrimas, suspiros. Reverenciei a todos com uma profunda gratidão. Amei e perdoei a todos. Pedi para que perdoassem a mim também. Aceitei o amor, aceitei o amor para que meu coração fosse curado. Revivi o sorriso, os olhares, as risadas. Renasci por inteira. Senti a chama laranja, a chama que havia apagado dentro de mim. Reacendi. 

Talvez tudo isso tenha sido um sonho; talvez a vida seja um sonho por si só. 

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