27 de mar. de 2023

Eu estou indo contra a correnteza. Tento avançar mas as águas me puxam pra trás. Aqui, nesse lugar, o esforço é descomunal. Me sinto cansade... manter a negação consome muita energia. As coisas precisam mudar e a gente precisa de tempo e espaço pra mudar.... mas eu tentei fingir que não.

Aqui, nesse lugar, me sinto muito só... 

Na solidão, me deparo com meus vazios.

Por que o vazio fica tão intenso quando estou sozinhe?


9 de mar. de 2023

Medo

 Eu estou com muito medo de deixar esse lugar.... de oficializar essa realidade em que eu e você passamos a atualizar nossa conexão. Eu preciso que nossa relação seja transmutada. Eu quero poder ouvir minhas necessidades e torná-las minhas prioridades. Eu quero poder gastar minha energia comigo mesme mais do que eu gasto com outras coisas.... Ao mesmo tempo, a ideia de novamente estar de face a face com a minha solidão, me dá uma sensação de querer evitar essa condição. Me entristece perceber que ainda estou me fugindo desse confronto interno, depois de tanto tempo trabalhando nessa minha relação comigo mesme.... Eu sei, nunca voltamos ao mesmo lugar, mas de alguma forma me vi nesse caminho cíclico que ainda que eu lute com muita dedicação, basta eu me distrair para retornar aos velhos padrões, aos velhos e conhecidos labirintos. 

Eu sinto que fisicamente não suporto mais guardar isso dentro de mim.... Com o tempo foi ficando cada vez mais impossível me fazer aguentar situações onde me anulo em silêncio, como se parte de mim não aceitasse mais que cheguem nesse determinado limite. Não é para eu aguentar estar aqui. Eu preciso desejar estar aqui. Eu preciso sentir que você também quer estar aqui, que não é apenas mero conforto que nos mantém vinculados. 

Me sinto prese em cordas que eu mesme amarrei. Como se cada vez mais estivesse sufocando nos fios que me mantém bonsai, quando eu poderia ser gigantesca árvore.... 

Aqui, agora, respiro fundo e me mantenho presente, para que eu possa aproveitar cada momento com consciência de que eu escolhi estar aqui e que traço meu próprio caminho em direção ao que mais faz sentido.


8 de mar. de 2023

A Torre

 É muito difícil escolher as palavras que consigam demonstrar o que está acontecendo dentro de mim. Me sinto vivendo em conflitos internos, como se existissem partes de mim batalhando: partes que não aguentam mais a situação em que me encontro e partes que querem manter tudo como está. Estou vivendo o famoso manter ou mudar. Sinto como se partes de mim estivessem anestesiadas, para que eu não sinta tanto o incômodo, para que eu não entre em contato com a dor, para que eu me mantenha aqui. Essa parte me remete muito a pessoas que fui no passado e a cicatrizes que aqui restaram. Me manter aqui é escolher esse lugar pequeno, onde eu tenho que ser pequene também. Me manter aqui é escolher resistir, escolher a fixação em vez da fluidez. Me manter aqui é escolher o não-movimento, a não-vida. Sei que existem essas partes aqui que estão muito confusas, que estão com muito medo, que sentem medo de sentir a dor e gastam uma energia absurda para tentar conter o movimento da vida, as mudanças. 

Eu só não consigo mais fingir que a torre não caiu e que tudo já não está mudando. 



2 de mar. de 2023

Entre a vida e a morte

Eu me senti muito triste quando percebi que sinto muita falta de me sentir desejada e de desejar intensamente. Eu tenho muito medo de pensar que não faz mais sentido eu estar aqui. Evito esse pensamento como uma tentativa de me manter aqui. Mas queria entender melhor o que é que eu tanto ganho ficando aqui.... Sinto que estou cansada de me colocar nesse lugar tão pequeno. Sinto que eu preciso de muito mais espaço. Sinto que eu ocupo muito mais espaço. Sinto que tudo poderia estar mais dinâmico, tudo poderia estar se expandindo. Mas tá tudo aqui, preso nessa gaiola que você mesme se fechou. É isso o que mais dói: como você pode achar que está ganhando algo, quando você tem que se diminuir pra conseguir isso? Será que isso é realmente um ganho? 
As fichas vão caindo... e as lágrimas se derramando. Entro em contato com muita coisa que estava aqui adormecida, as cobras da mudança estavam esperando por esse momento: o despertar. A pedra, então, começa a se mover e a roda da vida torna a girar. Eu sinto o medo da mudança, sinto o movimento e as possibilidades. Esse medo vale mais a pena do que o medo que paraliza, o medo que quer "manter tudo" às custas da própria vida. Eu me sinto vive enquanto estou me movendo.

Navegando em mim

É interessante observar os caminhos que nossa própria mente faz. Uma parte de mim, mascarada, me distrai para que eu não veja certas coisas - coisas estas que, não por acaso, machucam e machucam muito. Eu me vi tentando caber num lugar pequeno demais para mim, um lugar que não tem a capacidade de me conter. Eu me vi me enganando, me fazendo acreditar em mentiras, me fazendo acreditar que eu era pequene. Eu fui me diminuindo para me manter aqui com você, pra me manter distante do meu maior potencial. Eu tenho medo de saber como eu posso ser grande e como posso brilhar. Eu tenho medo de ser tão grande que não faria sentido eu estar aqui, nesse lugar tão pequeno. Então eu me inferiorizo. Porque se eu me convencer de que aqui é meu lugar, não preciso aceitar o fardo que é o sucesso, não preciso me responsabilizar e nem me assumir. Eu me senti me desvelando, como se fosse de um ponto chegando a muitos outros que de alguma forma se ligam num grande labirinto. Mas só depois de tanto tempo perdide é que posso sentir que estou me encontrando. Sinto que vou, pouco a pouco, linha por linha, desvendando meus mistérios, minhas crenças, as coisas que me movem e as que me paralizam. Assim, me sinto menos como uma folha sendo levada pela correnteza, me sinto guiando meus próprios navios, com a minha própria força e intensidade.