27 de dez. de 2012

Verdade oculta

Quero te dizer que não existe ninguém que ocupe este lugar. Não conto com ninguém, além de você. Quero te dizer que eu sei de tudo. Sei que isso não é recíproco, pois sei de suas maiores fraquezas. Sei até de coisas que você jamais admitirá em voz alta para mim. Eu conheço meu inimigo, já cansei de saber que ele está dentro de mim. Minha ameaça à distância - não posso nem ao menos confrontá-lo diretamente. Meu inimigo é transparente - parece que apenas eu o vejo, o ouço, o sinto; e apenas eu morro. Sinto-me presa. Não gosto de me sentir assim. Toda vez que meus olhos tocam os seus, um filme passa na minha cabeça. Nem sempre só memórias boas aparecem. Às vezes, essas memórias me deixam vulnerável. 
Feche bem os seus olhos. Não escute a voz que grita dentro de você. Não escute-a. Ela não é você. Ela é o seu inimigo. Lute contra ela! Seu inimigo não é uma pessoa, não são memórias, não são vozes, nem palavras. Seu inimigo é a parte de você que se sente inferior, pequena, fraca, insuficiente, ameaçada. Você não é as qualidades ou falhas que tomou para si como se fossem verdade. Você não é suas inseguranças, sua desmotivação, sua falta de fé e amor em si mesmo. Você não é o seu corpo. Você não é a sua mente. Sua mente não te controla. Você controla a sua mente. Você tem esse poder. Liberte-se de todo esse ciclo de sofrimento percebendo que você é como todos os outros. Perceba que tudo está interligado, tudo é um nó sem fim; tudo é impermanente; e que tudo o que você jura ser verdade é, na verdade, feito da mesma matéria e substância que um sonho. Isso que seus olhos vêem é nítido, por isso, parece real. Nos sonhos, visões embaçadas não são consideradas tão reais assim. Perceba que tudo acaba sendo a mesma coisa. É tudo um jogo que, quando se pensa que está ganhando, perde-se. Acorde desse ciclo ilusório que chamam de "vida".
Estou pronta para ouvir a verdade, mesmo que ela não seja agradável. Estou pronta para ouvir a verdade, porém, ninguém está pronto para me mostrá-la.

23 de dez. de 2012

Vontade da verdade

Noite escura e aveludada,
Luzes fracas quase apagando
Sinto muito e sinto nada,
E sinto tudo girando...!

Arrombo portas e cadeados,
Desvendo mistérios e segredos,
Quero tudo claro e direto;
Quero entender todos meus medos!

Não me machuca a sinceridade
E que cicatrizes sejam abertas...!
Só quero a polida verdade,
Que tanto os desespera!

7 de dez. de 2012

Quem sou eu?

Havia esta pequena garota - talvez nem tão pequena assim - com um vestido vermelho, rodado, e com um lindo laço laranja que amarrava gentilmente seus cabelos loiros, brilhantes como o sol, caminhando como quem estava intensamente feliz, enquanto carregava uma enorme caixa de presente pelas ruas. Todo mundo que a via, ficava imaginando que talvez aquele presente fosse uma surpresa para eles, embora ela sempre passasse direto por qualquer pessoa - fato que os deixava perturbados. O presente não tinha destinatário certo e muito menos remetente, não se sabia o que havia dentro daquela linda caixa. A menina não conseguia segurar o sorriso em seu rosto, que por vezes até assustava as pessoas, pois não entendiam o motivo de tanta felicidade e também às vezes se pegava rindo sozinha - aquela risada gostosa, cativante. O relógio marcou onze horas, os sinos da cidade tocavam alegremente. Todos sabiam que aquela era a hora mais especial daquele dia, mas nem todos estavam cientes do porquê.
A garota era tão bela! Com sua pele branquinha e bochechas rosadas, lembrava-me de uma boneca que tive quando pequena. E como eu amava aquela boneca! Seus cabelos loiros, aquela fita de seda no cabelo... Lembrei-me de que eu queria ser como aquela boneca! Então me vi ali sentada em meu quarto, em plena manhã de sexta-feira, sete de dezembro, fazendo nada de mais: invejando uma garota que tinha avistado pela janela, saltitando alegremente pelas ruas daquela cidadezinha, procurando não sei quem para presentear.
De repente, e num momento totalmente inesperado, a campainha da minha casa tocou - logo imaginei que devia ser alguém fazendo propaganda de algum produto, ou talvez anunciando um produto novo que estava sendo lançado no mercado; nada disso me interessava. Hesitei em atender, quis até enrolar um pouco, na tentativa de adiar o encontro com a pessoa que estivesse me perturbando naquela hora, porém, acabei atendendo a porta. Para a minha surpresa, não era nada de propaganda, nem nada que pudesse me incomodar - era aquela belíssima menina que eu admirava pela janela, aquela que irradiava alegria e parecia ter tudo aquilo que eu já não tinha mais: o brilho nos olhos e o sorriso encantador... Ela não disse nem sequer uma palavra, apenas me entregou a caixa, mostrando-me que eu era a escolhida. Peguei a caixa e logo quis abri-la - a curiosidade estava me matando! Ao abrir a caixa, a única coisa que havia dentro dela era uma foto minha quando pequena, surpreendentemente vestida exatamente como essa garotinha estava! E de onde aquela foto havia sido tirada? Nem ao menos eu sabia de sua existência! E antes que eu pudesse perguntar algo à garota, ela havia sumido. Sem pensar muito, aceitei esse acontecimento e voltei minha atenção para a foto novamente. Pude lembrar-me de como eu era feliz e não sabia, de como eu era bela e não percebia, que eu era muito mais do que eu mesma poderia saber! Foi então que eu percebi que a menina do vestido vermelho e a menina da foto eram a mesma pessoa, e que elas duas eram a minha pessoa.

3 de dez. de 2012

Reta final

"Sonhos são apenas sonhos, não significam nada." O que seria a vida, então? A vida é composta por testes que estão acontecendo a toda e qualquer hora. E esses testes fazem parte do sonho vital - eles sempre acontecem por algum motivo. Lembro-me daquela vozinha quase que sempre irritante, zumbindo no meu ouvido; dizendo que as situações que classificamos como "ruins", na verdade, são "boas", pois elas vêm recheadas de lições e aprendizados que nos ajudarão a crescer. Agora, consigo até me ver concordando, de certa forma, com esse pensamento. Às vezes, passamos por certas experiências e conhecemos certas pessoas porque são delas que precisamos naquele exato momento. Às vezes, precisamos cair profundamente para que levantemos mais fortes do que antes. E levantaremos! Eu precisei cair para levantar. Eu levantei. Eu sabia que conseguiria...É preciso que acreditemos em nos mesmos!

- Às vezes, tudo o que precisamos são palavras reconfortantes.