27 de dez. de 2012

Verdade oculta

Quero te dizer que não existe ninguém que ocupe este lugar. Não conto com ninguém, além de você. Quero te dizer que eu sei de tudo. Sei que isso não é recíproco, pois sei de suas maiores fraquezas. Sei até de coisas que você jamais admitirá em voz alta para mim. Eu conheço meu inimigo, já cansei de saber que ele está dentro de mim. Minha ameaça à distância - não posso nem ao menos confrontá-lo diretamente. Meu inimigo é transparente - parece que apenas eu o vejo, o ouço, o sinto; e apenas eu morro. Sinto-me presa. Não gosto de me sentir assim. Toda vez que meus olhos tocam os seus, um filme passa na minha cabeça. Nem sempre só memórias boas aparecem. Às vezes, essas memórias me deixam vulnerável. 
Feche bem os seus olhos. Não escute a voz que grita dentro de você. Não escute-a. Ela não é você. Ela é o seu inimigo. Lute contra ela! Seu inimigo não é uma pessoa, não são memórias, não são vozes, nem palavras. Seu inimigo é a parte de você que se sente inferior, pequena, fraca, insuficiente, ameaçada. Você não é as qualidades ou falhas que tomou para si como se fossem verdade. Você não é suas inseguranças, sua desmotivação, sua falta de fé e amor em si mesmo. Você não é o seu corpo. Você não é a sua mente. Sua mente não te controla. Você controla a sua mente. Você tem esse poder. Liberte-se de todo esse ciclo de sofrimento percebendo que você é como todos os outros. Perceba que tudo está interligado, tudo é um nó sem fim; tudo é impermanente; e que tudo o que você jura ser verdade é, na verdade, feito da mesma matéria e substância que um sonho. Isso que seus olhos vêem é nítido, por isso, parece real. Nos sonhos, visões embaçadas não são consideradas tão reais assim. Perceba que tudo acaba sendo a mesma coisa. É tudo um jogo que, quando se pensa que está ganhando, perde-se. Acorde desse ciclo ilusório que chamam de "vida".
Estou pronta para ouvir a verdade, mesmo que ela não seja agradável. Estou pronta para ouvir a verdade, porém, ninguém está pronto para me mostrá-la.

23 de dez. de 2012

Vontade da verdade

Noite escura e aveludada,
Luzes fracas quase apagando
Sinto muito e sinto nada,
E sinto tudo girando...!

Arrombo portas e cadeados,
Desvendo mistérios e segredos,
Quero tudo claro e direto;
Quero entender todos meus medos!

Não me machuca a sinceridade
E que cicatrizes sejam abertas...!
Só quero a polida verdade,
Que tanto os desespera!

7 de dez. de 2012

Quem sou eu?

Havia esta pequena garota - talvez nem tão pequena assim - com um vestido vermelho, rodado, e com um lindo laço laranja que amarrava gentilmente seus cabelos loiros, brilhantes como o sol, caminhando como quem estava intensamente feliz, enquanto carregava uma enorme caixa de presente pelas ruas. Todo mundo que a via, ficava imaginando que talvez aquele presente fosse uma surpresa para eles, embora ela sempre passasse direto por qualquer pessoa - fato que os deixava perturbados. O presente não tinha destinatário certo e muito menos remetente, não se sabia o que havia dentro daquela linda caixa. A menina não conseguia segurar o sorriso em seu rosto, que por vezes até assustava as pessoas, pois não entendiam o motivo de tanta felicidade e também às vezes se pegava rindo sozinha - aquela risada gostosa, cativante. O relógio marcou onze horas, os sinos da cidade tocavam alegremente. Todos sabiam que aquela era a hora mais especial daquele dia, mas nem todos estavam cientes do porquê.
A garota era tão bela! Com sua pele branquinha e bochechas rosadas, lembrava-me de uma boneca que tive quando pequena. E como eu amava aquela boneca! Seus cabelos loiros, aquela fita de seda no cabelo... Lembrei-me de que eu queria ser como aquela boneca! Então me vi ali sentada em meu quarto, em plena manhã de sexta-feira, sete de dezembro, fazendo nada de mais: invejando uma garota que tinha avistado pela janela, saltitando alegremente pelas ruas daquela cidadezinha, procurando não sei quem para presentear.
De repente, e num momento totalmente inesperado, a campainha da minha casa tocou - logo imaginei que devia ser alguém fazendo propaganda de algum produto, ou talvez anunciando um produto novo que estava sendo lançado no mercado; nada disso me interessava. Hesitei em atender, quis até enrolar um pouco, na tentativa de adiar o encontro com a pessoa que estivesse me perturbando naquela hora, porém, acabei atendendo a porta. Para a minha surpresa, não era nada de propaganda, nem nada que pudesse me incomodar - era aquela belíssima menina que eu admirava pela janela, aquela que irradiava alegria e parecia ter tudo aquilo que eu já não tinha mais: o brilho nos olhos e o sorriso encantador... Ela não disse nem sequer uma palavra, apenas me entregou a caixa, mostrando-me que eu era a escolhida. Peguei a caixa e logo quis abri-la - a curiosidade estava me matando! Ao abrir a caixa, a única coisa que havia dentro dela era uma foto minha quando pequena, surpreendentemente vestida exatamente como essa garotinha estava! E de onde aquela foto havia sido tirada? Nem ao menos eu sabia de sua existência! E antes que eu pudesse perguntar algo à garota, ela havia sumido. Sem pensar muito, aceitei esse acontecimento e voltei minha atenção para a foto novamente. Pude lembrar-me de como eu era feliz e não sabia, de como eu era bela e não percebia, que eu era muito mais do que eu mesma poderia saber! Foi então que eu percebi que a menina do vestido vermelho e a menina da foto eram a mesma pessoa, e que elas duas eram a minha pessoa.

3 de dez. de 2012

Reta final

"Sonhos são apenas sonhos, não significam nada." O que seria a vida, então? A vida é composta por testes que estão acontecendo a toda e qualquer hora. E esses testes fazem parte do sonho vital - eles sempre acontecem por algum motivo. Lembro-me daquela vozinha quase que sempre irritante, zumbindo no meu ouvido; dizendo que as situações que classificamos como "ruins", na verdade, são "boas", pois elas vêm recheadas de lições e aprendizados que nos ajudarão a crescer. Agora, consigo até me ver concordando, de certa forma, com esse pensamento. Às vezes, passamos por certas experiências e conhecemos certas pessoas porque são delas que precisamos naquele exato momento. Às vezes, precisamos cair profundamente para que levantemos mais fortes do que antes. E levantaremos! Eu precisei cair para levantar. Eu levantei. Eu sabia que conseguiria...É preciso que acreditemos em nos mesmos!

- Às vezes, tudo o que precisamos são palavras reconfortantes.

26 de nov. de 2012

O tempo e a espera

O tempo passa, depressa,
Mas eu só sei fugir da espera;
Então eu fujo, com pressa,
pois a espera me desespera!

Cansei de ansiar e não ter,
De esperar e não ver,
De querer não sei o quê
E nunca me satisfazer...

Cansei de viver no passado 
E num futuro desesperado...
Para que tanta demora...?
Eu cansei de esperar!

O tempo cansa, não descansa,
E o tempo jamais espera!
Então espero como uma criança
Perdida na atmosfera...


19 de nov. de 2012

Iluminada

O som das ondas se quebrando no mar toma conta de mim - e me quebra também! Com sua invencível correnteza, vejo-me vulnerável; à mercê de sua vontade. E você me quer! Me puxa, me arrasta, me tira o fôlego, me tira a vida, aos poucos. Onda após onda, vou soltando as rédeas da consciência e, desesperadamente, conformo-me com a situação. Não vejo outra saída, senão entregar meu corpo a ti, aquele que ilusoriamente contém a minha alma, a minha vida. Pergunto-me porque fui eu a escolhida; porque naquele pedaço de mar salgado, naquela situação, afogada por aquelas específicas ondas que jamais se repetiriam novamente. Tento lutar contra a ideia - a sensação de desespero toma conta. Não queria sentir aquilo, passar por aquela situação - estava demasiadamente apegada ao meu "eu", ao ponto de partir junto com ele. Não gritei por ajuda, não pedi socorro - simplesmente aceitei o não-sei-o-quê que estava por vir. "Você queria morrer em silêncio?!" Não! Não queria partir! Não era a minha hora! Mas talvez você achasse que fosse a hora... talvez tenha me confundido com outro alguém. Tão jovem, cabelos vermelhos no mar, quase a me tornar uma porcentagem daqueles que sofreram e se foram da mesma forma - asfixiados pelo apego, pelo mar, pela falta de consciência e pela falta de voz que nos impediu de gritar. Não gritei porque pensei que eu não fosse, na verdade, em nada pensei. E fui salva! Alguma força maior do que aquela que me puxava resolveu dar mais uma chance. Eu estava ali, no mar salgado, sentindo a dor de quase perder essa preciosa chance. Eu sobrevivi. Não desperdice a sua chance!

Sete negações

E o que nos resta senão os olhos, neste mundo em que tudo passou a ser instantâneo? E são eles, justamente, o que mais nego agora. Cansada de procurar o inimigo do lado de fora, percebo que ele está escondido aqui dentro. Agora vejo que sinto medo de mim mesma, medo da minha própria alma. Ao negar os outros, estou negando a mim mesma. Como quem mergulha debaixo d'água, não posso mais contar com minha visão, uma vez que ela se torna embaçada, e meus olhos doem ao tentarem enxergar. Acho que cansei dos meus sentidos! 

Olhos cadentes

De repente percebo que não quero ser mais uma telespectadora da vida que, inconformada, não faz nada do que se possa orgulhar enquanto todos aqueles anos passam. Não quero ser mais uma daquelas que reclamam e não se dão o trabalho de mover um dedo para mudar. Tudo é tão difícil, tudo é tão difícil! - Precisamos tentar! Daqui de cima, as luzes das pequenas cidades tornam-se estrelas, e o céu passa a ser invertido. Espero chegar a algum lugar, após tantas curvas e turbulências. Vejo um milhão de estrelas cadentes e penso que pode ser miragem - elas desaparecem. Agora, tudo o que resta é escuridão, mas isso não tem mais o poder de me incomodar. De vez em quanto, vejo uma luz ou outra; penso que pode ser você, de alguma forma, lembrando de mim. Lembro de como aqueles teus olhos brilhavam, e como me traziam paz. Quero ter essa paz, com teus olhos ou não! Eu quero ser essa paz. 

8 de nov. de 2012

Teia

Rio de mim mesma ao perceber que estou caindo na mesma armadilha novamente. Eu percebi, entretanto, que não sei se possuo forças suficientes para me soltar dos fios que me prendem. Sim, estou presa por fios - não são cordas, correntes - são apenas fios. Fios facilmente quebráveis, mas que cortam, quando tento escapulir de alguma forma. Me sinto "eu" novamente, mas um "eu" que já havia morrido, um "eu" que já estava bem longe da minha realidade atual. 
Eu ri de mim mesma, ao perceber que estava caindo na mesma armadilha novamente. Uma vez que percebi, portanto, já me vejo capaz de atravessar aqueles fios - eles já não têm mais o poder de cortar. Até mesmo o objeto de desejo mais forte perde a sua força, uma hora ou outra. E então, recuso o venenoso bolo antes mesmo de experimentá-lo.

5 de nov. de 2012

Móbile solto num furacão

Minha mente é um furacão devastador que destrói cada lugar por onde passa, dentro de mim. Sinto que perdi controle de mim mesma - passei a ser algo que somente age por impulsos. Gostaria de soltar as cordas que possibilitam cada movimento meu; cada gesto impensado, cada pensamento inconsequente. Me condeno pelo que penso, pois já não tenho controle. Sinto ambivalência. Por vezes orgulho-me de mim mesma, por vezes quero me agredir. Gostaria de calar a boca daqueles que falam sem pensar, paralisar aqueles que agem sem medir. Eu me calo, então, e me vejo paralisada. Sinto o sangue escorrendo de meus olhos, de meus lábios. Sangue venenoso, infectado. Sangue impregnado com lembranças, com emoções aflitivas, com visões rasgadas e sons que ensurdecem. Queria ver nada, sentir nada, ouvir nada. Eu queria o nada. Queria o branco, a tranquilidade, o silêncio - tudo aquilo que se encontra ausente em mim. Queria ter o poder de apagar o que me aflige. Gostaria de parar de fazer o que quero, uma vez que o que quero só me quer mal. Fui vencida por dedos mais fortes e ágeis que eu, mais decididos e invencíveis. Enxugo lágrimas humilhantes e inadmissíveis, imploro pela força de vontade que falta em mim. Eu quero paz.. me deixem em paz!

2 de nov. de 2012

Breakthrough

Simplesmente não espere dos outros o que nem você mesma consegue fazer.

Gostaria de me despedir de você, pequena menina. Te agradecer por todos esses anos em que estivemos juntas, sempre encontrando alguma forma de sobreviver nesse mundo. Te dizer que sou muito grata por estar sempre presente comigo. Te dizer que você tem condições de ter uma vida extraordinária, e que, por esse motivo, eu preciso que você continue-a sem mim. Eu me responsabilizo por ter agido de forma auto-crítica com você. Eu sinto muito. Fico feliz, porém, de perceber que você é capaz de compreender. Você sempre esteve lá quando precisei, você é a pessoa que eu mais conheço nessa vida, e a pessoa que mais amo. Sem você eu não teria condições de existir, portanto, gostaria de lhe agradecer mais uma vez. Nesses seus 4 anos de vida, sei que ainda acontecerão muitas coisas contigo. Ano que vem, sua vida mudará completamente, irreversivelmente. Mas talvez exista o lado positivo em cada situação ruim que passamos, e preciso te dizer que não é culpa sua, nem de sua mãe ou seu pai, não existe um culpado. As situações - tanto boas quanto ruins - sempre acontecem por um motivo; você foi criou possibilidades para que elas ocorressem. Você passará por momentos felizes e tristes, porém é de extrema importância que não se deixe ser derrotada pelas dificuldades, que não se dê por vencida. Permaneça forte, pois você possui uma força incrível. Saiba valorizas as alegrias e minimizar os efeitos negativos em sua vida. Respeite e ame a si mesma, pois assim, poderá passar isso adiante.

A pequena criança te olha séria, hesitante. Ao ouvir suas palavras, ela fica sem reação. É muita coisa para ela entender, e a distância entre vocês é grande demais. Você se agacha, olha para aqueles pequeninos olhos cor-de-mel. Ela compreende, dá um sorriso meio tímido. Você pega as pequenas mãozinhas dela, sorri, acaba recebendo um sorriso de volta. Agora, cada uma pode seguir com o seu próprio destino. Você se despede daqueles cabelos loiros, daquela nostálgica roupinha branca, daquele sorrisinho que só você mesma sabe fazer igual. Adeus, Enya.

23 de out. de 2012

Sujeito oculto

E de repente, sinto um clique em minha mente. A cada vez que paro mais um pouco para refletir, tudo me parece fazer mais sentido. Entendo o porquê, o motivo, a razão: é uma força que te puxa para trás, enquanto tenta caminhar para frente. É o universo tentando fazer com que tudo permaneça como sempre foi - tudo tende a permanecer da forma que é. Trata-se apenas de uma tendência. No momento em que se decide mudar, entretanto, é preciso lidar com o medo da mudança, o medo da consequência da mudança, a mudança em si, e o principal: é preciso manter a mudança. Será colocada em teste - sua força de vontade e sua capacidade de tomar decisões serão testadas. Se perguntará se vale a pena; será induzida a pensar que vale. Sua mente decidirá para você que não é uma ideia tão ruim assim; seu corpo agirá conforme tal decisão. Chegará perto de vivenciar essa experiência. Você, apesar disso, se mostrará mais forte do que a suave voz que habita sua mente. Sua percepção é mais ampla, é mais confiável. E então, o ciclo se perde - decide que o irresistível te faz mal, te fará passar por experiências que resultarão em sofrimento. Cansou de sofrer! Cansou do automatismo! O belo, portanto, já não brilha mais tanto assim... E então, a atração passa a ser controlável. Percebo, finalmente, que o olhar de inocência não apenas atraiu, como foi induzido ao corrompimento. Talvez a inocência tenha sido criada para tornar-se impura em algum momento, mas não desse jeito, não nessas condições, não nessa hora. Talvez a impureza não tenha que ser obscena, e sim, apenas não seja mais absolutamente pura.

20 de out. de 2012

Keep going

Chega a hora em que o distante se aproxima, e a cegueira se dissolve. Já não quero ir para o inalcançável, uma vez que percebo que era apenas um jogo. E agora me pergunto: conseguiste o que tanto querias? Talvez por um tempo, talvez nunca mais. Quando se tem os olhos abertos, nem mesmo a maior espera te desespera; e nem mesmo aquela facada de sempre tem o poder de te acertar. E agora, aquelas correntes que dificilmente te libertariam tão cedo, não passam de pó - e esse pó se vai com o vento, sem o menor esforço. Não quero mais o perto, nem o longe. Não quero olhares, nem aventuras. Não quero sentir dor, nem culpa. Agora, com meus olhos abertos, a névoa decidiu cegar outro alguém, decidiu que era hora de seguir. Deixe seus olhos serem abertos pela sinceridade!
Decido, agora, que o que preciso é o que eu tenho; e se não tenho, talvez não precise, talvez não seja a hora. 

18 de out. de 2012

Querer e não ter

Olhos apontam pro infinito,
Almejo justo o que não posso ter...
Sinto perfumes inexistentes,
Doces e encantadores odores,
Vivo sonhos que não acontecerão...

Busco o que não tenho,
E o que tenho, não quero mais,
Pois o que tenho não mais satisfaz.
A insatisfação me faz fugir
Quero fugir em busca do que não terei
Cores que jamais verei... 

Quero aquele rio que molhou o meu ser,
Mergulhar em sua essência impossível,
Sentir coisas das quais sinto falta,
Sentir coisas que já não sinto...

Quero o que está longe,
E justo o que não terei.
Parece que quero sofrer...!

Brainwashing

Vivemos dentro de uma bolha espelhada e chamamos isso de realidade; pensamos que não existe nada além dessa bolha. Não vemos que estamos imersos num mundo onírico, onde os sonhos e imagens tomam conta de nós, fazendo com que achemos que eles são reais. No momento da morte, todas as bolhas espelhadas se estouram, e perto dela, tudo se torna mais profundo. O efeito de uma vida muito longa é não esperar pelo futuro; os olhos desapegados são muito mais sábios. 
Pare um pouco, tente escutar o silêncio. Até mesmo o silêncio absoluto é audível, e para que se possa escutar apenas um som, deve-se escutar também o silêncio. Não tema o silêncio, pois na região em que ele existe não há sofrimento, atração ou aversão - ele está além do tempo. 
Imagine formigas carregando folhas que caem e são levantadas novamente, formigas que andam em direção a nada - é exatamente isso o que acontece com pessoas que sofrem da ignorância. Aquele sentimento de que não fizemos o que deveria ter sido feito durante a vida, e que talvez não haja mais tempo para fazê-lo. A sensação de que a vida foi e continua sendo um sonho, pois tudo o que você se lembra são apenas imagens meio apagadas, meio irreais, tipo aquelas que temos em sonhos. Os sonhos e a vida são apenas ilusões, eles são compostos pela mesma matéria. Estivemos mergulhados em ilusões por tempo demais, é preciso que acordemos desse sonho. 
Andamos como formigas, imaginando que alguma hora devemos encontrar algo doce. Esse doce não existe, e por vezes a gente se engana, se atrapalha com tudo isso. Estivemos cegos por tanto tempo que a impressão que temos é que enxergamos, mas a gente só vê o que está escrito, não vemos o quadro. Apenas vemos imagens sobre uma tela, e essa tela é a nossa mente e ela é silenciosa.
Essa forma de vida que temos é inconsistente, é transitória. Não se pode experimentar coisas permanentes, uma vez que a permanência é apenas mais uma ilusão. Enxergamos com um filtro. Só perdemos as coisas que possuímos dentro da nossa mente, pois elas não existem, de fato. A mente é capaz de construir corpos de sonhos; é capaz de construir qualquer coisa que queiramos enxergar. 
Imagine um lutador: ele precisa treinar a não alterar sua energia, apesar dos ferimentos, cortes, e apesar da dor.
É preciso treinar nossa estabilidade, independentemente das circunstâncias. É preciso lucidez para encontrar a felicidade. 

16 de out. de 2012

Nó sem fio

Acordei com a morte ao meu lado. Disse a ela, porém, que não era a hora certa. Ela estava pronta para mim, mas eu não estava pronta para recebê-la. Se fosse a hora, eu já não teria mais nada pra realizar, sentir, aprender. Não precisaria de ar para sobreviver, não precisaria de água. E o que somos, senão células que nem ao menos encontram-se unidas, que nem ao menos são concretas? E existe alguém que possa provar que coisas concretas realmente existem? E existe alguém que possa explicar o que é real? E será que tudo possui mesmo uma explicação? Alguém pode me dizer o que é "tudo"?! Será que pra toda pergunta existe uma resposta que satisfaça a todos? Será que é possível encontrar a satisfação permanente? Será que um dia nos sentiremos completos? E alguém pode me dizer se existe algo que seja permanente?
As coisas ao nosso redor mudam a cada fechar de olhos, e se um segundo passa, ao abrir os olhos novamente, tudo terá mudado. Não existe tal coisa que dure toda a eternidade. E alguém pode me explicar o que "eternidade" significa? 
Nesse momento, ondas de confusão tornam-se ondas de dúvidas; e o estagnado torna-se possível de movimentar. Neste momento, o receio da decepção torna-se força para o caminho da independência. 
Sem o fio, o nó não existe.

15 de out. de 2012

Defeat

Vejo-me perdida em algum lugar. Continuo andando, sem saber para onde ir, sem saber se devo parar, sem saber aonde vou chegar. Estou perdida, ao mesmo tempo que me vejo presa. Queria saber o que é isso que estou fazendo, do que é que estou tentando fugir. Eu sei o que é, porém, estou nessa luta interminável, tentando negar isso. Sinto como se minha vida tivesse sido em vão até agora. Estou perdida num mar de coisas supérfluas, desejos, ânsias. Quero tudo de uma vez...! E ao mesmo tempo, sinto que a minha vida pode ser muito mais do que isso. Tenho a impressão de que não sirvo para essa "vida" que todos levam. 
Perdida, desorientada, presa - é assim que me encontro. E quando a gente pára, espera tudo se acalmar; quando tudo à nossa volta vira tranquilidade; percebemos que eram apenas destroços, poeira e cacos. Que talvez isso que chamam de "vida" é apenas ilusão... Vai chegar o dia em que chorarei tudo o que há dentro de mim, e então, eu não serei nada.

7 de out. de 2012

Cacos

Talvez, de certa forma, eu precise de você para existir; talvez você também precise de mim; talvez, então, se eu morrer, talvez você possa morrer também. Continuo com aquela imagem na cabeça: uma garota sentada em uma cadeira de madeira, seus olhos furados por agulhas que a  cegam, seu coração envolto por uma crosta de gelo e seus pulsos quebrados e amarrados. Agora me sinto como alguém que recusa seus sentidos - recuso-me a sentir, ouvir, ver, cheirar. Inconformada com visões que me assombram, cada vez fica mais claro para mim que cada um de nós cava a nossa própria cova. Aquele pior veneno, aquela pior memória, é ela que te corrói por dentro, até que não reste nada. É verdade, o que dizem, o pior inimigo encontra-se dentro de você mesmo.

5 de out. de 2012

Alma perdida

Sempre tento me esconder, porém, por mais que eu tente, sou atingida por uma avalanche. Debaixo de toneladas de gelo, até o mais caloroso coração se gela. E mesmo gelado, preocupo-me em não passar o frio adiante. Ninguém mais faz o mesmo. Preocupo-me demais com o mundo externo e, por vezes, acabo esquecendo o que existe dentro de mim. Se por vezes me acostumo com o agradável, algo acontece e me desestabiliza. Queria saber quando é que me deixei ser tão afetada pelo mundo externo, quando é que fugi desse meu corpo. Cada dia me afastando mais de mim mesma, cheguei ao ponto de não saber mais voltar - e distante permaneci. Talvez o mesmo filme tenha que se repetir mil ou talvez milhares de vezes! Se a cada vez que sofro, me afasto mais um pouquinho, haverá o dia em que não mais existirei. Passarei a ser pó, memórias vagas que talvez nunca tenham acontecido. Passarei a ser reconhecida por coisas que quis fazer, mas não cheguei a concluir. Aquela que tanto fala e nada faz; aquela que tanto sabe e, ao mesmo tempo, nada sabe. Se nem eu mesma consigo fugir dos padrões de ação e reação automatizados, pergunto-me como é que posso esperar isso do alheio. Reclamo a meus olhos por verem demais, e às vezes, percebo como nada enxergo. Reclamo dos outros por cobrarem demais, e não percebo que a voz da cobrança habita em mim. Reclamo que certos ouvidos nada querem ouvir, quando são os meus que se recusam a escutar o que realmente é dito. Afirmo minha repulsa por discussões e brigas, uma vez que conflitos internos são tudo o que existe dentro de mim. Sufoco-me com críticas e cobro de mim mesma o perfeccionismo, uma vez que digo que não se deve esperar a perfeição de nada. Reclamo dos outros por coisas que não faço. Como é que fui chegar aqui...? Se ao menos eu soubesse aonde "aqui" é...

4 de out. de 2012

Contraste

Os girassóis se fecham avisando a chegada do anoitecer.
Eles se fecham apenas com o intuito de se proteger.
Assim como os girassóis, eu me fecho.
E em vão, tento me proteger.
A brisa noturna, porém, me faz vulnerável, me faz frágil, me faz esquecer.
Esqueço de minha armadura, de meu porto-seguro. 
Esqueço que temo a noite, da mesma forma que a amo.
Esqueço-me de que à noite, não há ninguém comigo além daqueles pontinhos brilhantes  no céu.
Um céu que não é mais azul; um céu escuro, mergulhado no breu.
Eu temo o breu da mesma forma que o amo.
E eu temo a ambivalência, da mesma forma que a amo.
Cada um de nós carrega a faca que nos mata vagarosamente, perfurando o corpo centímetro por centímetro; e o veneno que bebemos gole por gole.
E no fim, somos nós que traçamos o nosso destino.
Eu temo o amor e o ódio, e ainda assim, os sinto sem relutância.
É equilíbrio, o que me falta, e justo ele, não temo.

2 de out. de 2012

O Louco

De repente, tudo o que estava pendente, caiu. Não sabemos por que, só sabemos que cai. Tem dias que a gravidade dá a impressão de que é uma das maiores forças existentes, e eu estou sempre insistindo em desafiá-la. Tudo te puxa para baixo, mas você continua de pé. É incrível como tudo cai assim, ao mesmo tempo, no momento mais inesperado. E sentir toda aquela névoa de desespero te encobrindo novamente, sentir que lhe falta ar, mas na verdade, existe ar em excesso. São aquelas lágrimas humilhantes que escorrem do seu rosto, lágrimas compostas por orgulho; lágrimas que descem rasgando. E parece que tudo o que acontece é apenas um teste. Querem medir a sua força, a sua persistência. Querem saber se, apesar de tudo ter caído, você ainda consegue manter um sorriso. Sim, eu consigo sorrir; é fácil esconder o que me dilacera por dentro.

28 de set. de 2012

Lenço de seda

Eu estava lá caminhando, o vento me fazendo cócegas; o vento tocando meu rosto, tocando meu corpo; o vento me fazendo rir. Eu estava lá sorrindo, sorrindo enquanto olhava para ti, sorrindo a espera de outro sorriso. Eu estava lá, observando-te de longe. Era longe, por mais perto que eu estivesse. Era perto, mesmo estando longe. Era inconstante e distante, cada instante longe de ti, cada instante longe de mim. Eu estava lá,  sonhando, viajando, flutuando em seus braços, olhos, olhar. Eu estava lá tentando. E quando sentia saudades era de tudo, tudo de uma vez só! Mas eu estava lá, sempre a te esperar. Meus olhos brilham como raios de Sol, e eu estou sempre a te esperar.

27 de set. de 2012

Retrato

"[...]
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?"

Cecília Meireles

24 de set. de 2012

Desapego

De repente me vi parada, esperando por algo - não sei o que é isso que tem o poder de me fazer esperar! E me vi distante de todo mundo - as pessoas passavam por mim, me ultrapassavam e não iam me esperar. O mundo estava girando e, de alguma forma, dei um jeito de ficar para trás. Tudo ficava cada vez mais distante, e eu ficava mais só. O que era isso que estava me mantendo estática, paralisada? Todo mundo seguia em frente, e eu lá, estacionada. Todo mundo se cansando... mas ora, eu me canso também! E então movi primeiro minha perna direita, e depois a esquerda, e com isso, passos foram dados e, finalmente, saí do lugar. Quando é que fui me tornar alguém que depende de outras pessoas para seguir em frente? O que é que me fez parar por alguém? Não tenho tempo para perder, nem por nada nem por ninguém! Não tenho tempo nem para mim! E então me vi cansada, cansada de esperar e depender dos outros, cansada de esperar a reciprocidade alheia. Não quero, e não vou mais depender. E então segui em frente - somente a minha própria companhia era exatamente tudo o que eu precisava. Adeus!

23 de set. de 2012

O reflexo do teu olhar

Posso dizer que me perdi naquele teu olhar. Me perdi ou me encontrei? Bom, eu não sei. Mas foi aquele teu olhar, num momento de intensa tristeza, que me trouxe paz. Me senti bem - como se estivesse no lugar certo, no momento certo, com a pessoa certa. Teus olhos foram capazes de perfurar meu escudo, todas as minhas máscaras; eles foram tudo o que eu precisava naquele instante. Teu olhar... parecia ver uma tempestade que logo viraria apenas um caloroso dia, o mar calmo, a brisa leve. Parecia admirar o horizonte, com uma extrema compreensão - como se compreendesse tudo, como se soubesse que tudo iria realmente ficar bem. Teu olhar me passou calma, paciência - ele conseguiu expressar coisas que palavras jamais conseguiriam. Teu olhar foi o suficiente para que me entendesse; para me mostrar que eu podia contar contigo; que você estava lá por mim, assim como eu estava por você. Foi no teu olhar que encontrei o que havia perdido.

21 de set. de 2012

Palavras cortantes

Minha cabeça está confusa. Não quero ter que lidar com tempestades de gelo caindo sobre minha cabeça novamente. Eu peço, por favor, que escolham com clareza as palavras que proferem a mim, pois estas, uma vez que ditas, jamais serão esquecidas. Peço, por favor, jamais esqueçam disso. Todas as palavras - e digo todas mesmo - são guardadas e minha mente, de forma que posso acessá-las novamente a qualquer hora. E elas tornam a voltar; voltam ainda mais fortes, prontas para derrubar. E derrubam, como derrubam! São como um disco na minha cabeça, repetem letra por letra, facada por facada. E repetem, repetem, repetem, sem a menor hesitação. Eu peço, por favor...

14 de set. de 2012

Correnteza

Sinto minha alma oca perdendo sua força, já não sinto nada. Meus olhos voando em sua direção, meu corpo estático no chão. Não sinto nada. O vazio tomando conta do meu mundo, o vazio fazendo parte de mim. Sinto o nada. Estou no vácuo - sem cor, sem som, sem odor, mas com dor. A dor do vazio, a dor do não sentir - dói demais! E pesa demais! Cai dos meus olhos sem hesitar, sem soluçar, cai em silêncio. O barulho do desespero, o grito sem voz dentro de você. Ninguém escuta, ninguém sente, ninguém vê. Você sente, mas não sabe o que é; você chora, mas não sabe o porquê; e dói, dói sem motivos, toda hora! Gostaria de poder silenciar o inimigo, aquela voz dissimulada, a voz amargurada, rancorosa, que habita em minha mente. Gostaria de me livrar dessas correntes que me prendem - correntes de seda, macias, brilhantes, que continuam por me aprisionar. Gostaria de sentir a gélida água atravessando pelo meu corpo mais uma vez, e deixá-la levar-me consigo... Queria não sentir nada.

-What should I do? I am lost. How do you deal with that weight? My hands are getting tired. Call it a joke or a lie, call it a joke or a lie. I try, I tried.

11 de set. de 2012

Olhos da lua

Olhos brilhando, ansiando por novidade; olhos voando, em busca de liberdade. Olhos confusos, dispersos, em vários lugares; olhos que despertam curiosidades. Olhos claros, escuros; olhos distantes e tão próximos; olhos de uma vez apenas, olhos inalcançáveis. Olhos que falam por si só, olhos que escondem, olhos que perguntam, e olhos que respondem. Olhos que choram, que sorriem; olhos que esperam e se decepcionam; olhos que cansam de se iludir, olhos que passam sem deixar rastros. Eu não preciso desses olhos - olhos que desaprovam, que afagam enquanto apedrejam, que abrem e fecham espaço, que não se decidem! Procuro pelos olhos que enxergam debaixo d'água, que voam pelos ares e me acompanham por todos os lugares. Procuro por olhos que me afastem da distração, quando necessário, que me segurem no chão e não deixem que eu me espalhe demais por aí. Quero olhos que me entendam apenas por um gesto, que me aceitem com as coisas boas e todo o resto. Preciso de olhos reconfortantes, sempre à espera para me olhar; não precisam ser olhos gigantes, desde que eles consigam enxergar as coisas em seu lugar. Preciso de olhares que durem mais um pouco, de piscadelas mais demoradas, de olhos que façam o tempo parar. E de tantos olhos, logo nos teus que eu fui me acomodar...

31 de ago. de 2012

Culpa crônica

Lágrimas de culpa escorrem pelo meu rosto com decepção. Uma vez que já fui vencida, não há como voltar atrás. Pessoas diferentes com defeitos complementares se encontram e, juntas, constroem o caos. Uma vez que a parceria de culpada e decepcionada é feita, começa-se o jogo. Explicações demais, fatos irreais, um dependendo constantemente do outro. E agora, culpa vira raiva, que por sua vez, vira repulsão. Sinto culpa por me sentir culpada, sinto culpa por brigar, sinto culpa por chorar, sinto culpa por causar decepção. E com a culpa, crio crônicas dores para que eu possa me enganar, para que eu já não me sinta tão mal, para continuar com essa autopiedade. Não quero mais palavras cortantes, pois já não as aguento mais. Não quero mais andar para o lado, me esforçando insanamente pra te acompanhar. Quero que seja natural, e que se for pra durar, durará. E se esperares por decepção, apenas decepção terás. Não sou mais parceira no jogo, não quero mais seguir estas regras. Já não há necessidade de procurar por explicações, pois já estou ciente de que não sou a responsável. Cada um escolhe a forma com que reagirá - se quiseres sofrer, escolha o sofrimento; se quiseres decepcionar-se, escolha a decepção. Apenas não culpe-me por sua errônea interpretação. Apenas deixe a culpa escorrer de meus olhos que a trancaram por tanto tempo... Apenas deixe-me aceitá-la, sem brigar com ela; deixe-me liberá-la, sem que hajam reservas.

- Eyes can only see what they want. 

30 de ago. de 2012

Seis espadas

Com dificuldade, procuro por palavras que possam expressar o que estou sentindo no momento, porém, quanto mais procuro, mais elas me fogem. Exaustão, decepção. Cansei de levar facadas por falta de compreensão, cansei de estar lá por todos que não estão lá por mim. Cansei de pessoas complicadas, cansei de ser decepcionada. Cansei de ser aquela em que todos fazem suas projeções, que aguenta coisas que não eram para ser despejadas em mim. Cansei desse mundo cruel. Mas, ao mesmo tempo, não quero mais ser levada por essa onda de depressão que quer me ver morta. Cansei de sentir frio nas mãos, cansei de deixar com que congelem meu coração, cansei de estar cada vez mais perto de virar uma pedra amargurada. Estou sempre lutando contra a gravidade. Cansei de intimidade, de proximidade. Cansei de sentir dor emocional. Vejo-me em uma corda bamba, que balança a cada ventania, que ameaça me fazer cair tantas vezes. Não os quero mal, apenas não os quero mais.

21 de ago. de 2012

Fadiga

Eu me cansei daqui tantas vezes...
Até a chuva cansa de cair
Até a Lua cansa de sorrir,
Até as mãos cansam de ferir...

Eu me cansei daqui tantas vezes...
Até os pés cansaram de tropeçar,
Até os verbos cansaram de tentar,
Até os olhos cansaram de fechar...

Eu me cansei daqui tantas vezes...
Até a raiva cansou de explodir,
Até a ilusão cansou de fingir,
Até a solidão cansou de mentir...

20 de ago. de 2012

Caminho

Por tudo, apenas peço que não deixe esse momento passar despercebido! Não tente oprimir ou esconder a dor, não lute com as palavras e pensamentos na sua mente, apenas os deixe passar por ti - como a brisa fresca da noite que atravessa o seu ser - e levar seus pesares consigo. E então a Lua sorri - faz isso por aqueles que, infectados com a dor da solidão, da ilusão não realizada, não mais conseguiriam fazer. A vida é muito mais do que as coisas concretas, as coisas que conseguimos ver, sentir, coisas pelas quais sofremos. A vida é muito mais do que sofrer, porém, todo sofrimento vem por algum motivo. De toda dor se extrai um aprendizado; todas as horas que passamos sofrendo, passamos também aprendendo. A vida é muito mais do que conceitos, razões, limites. A vida é muito mais do que a antítese do consciente com o inconsciente; é muito mais do que ambivalência e contradições. Apenas sinta o alívio que apenas as lágrimas proporcionam, sinta o aconchego que apenas o abraço apertado oferece, receba o amor que apenas você mesma pode dar.

11 de ago. de 2012

Dúvida existencial

Pergunto-me o que os outros esperam de mim, uma vez que sinto, vejo e reajo a coisas que apenas são reais para mim. É a minha ruína, aquilo que temo - esforço-me tão desesperadamente que, como se não houvesse outra saída, eu falho. Mantenho-me presa a correntes, vozes me dizendo o que é certo ou errado, o que devo ou não fazer. Ignoro minhas próprias vontades tentando fazer parte de um corpo que não pertence a mim, tentando compreender esses pensamentos que não são meus, tentando insanamente tornar-me algo que aceitem, algo digno de pertinência. Mas essa não sou eu! Traumas, desrespeito, xingamentos - eu não sou nada disso. Eu não sou o que me levaram a fazer, não sou os atos que, quando identificada, fui quase obrigada a realizar. Não sou a escuridão que abriga o susto que tanto temo, não sou a postura que se encolhe na vontade de ser invisível, não sou a necessidade de uma atenção que resulta em malefícios, não sou a autossabotagem que tanto se faz presente. Não sou as relações triangulares, o extremismo da orgia ou da castração, não sou as vítimas nem os agressores, não sou a mão que os puxa para o chão. Eu sou eu assim: alegre, cores, cativante, a brisa leve que carrega os sorrisos, o orvalho que escorre das folhas das plantas, o perfume que atrai as belezas, sou a verdade que profere sem temer, a luz que proporciona a visão. Pode-se inferir, portanto, que talvez nem eu mesma saiba ou esteja perto de saber o que é ser, talvez eu nem seja, mas quem sabe um dia eu serei...

1 de ago. de 2012

Yours

Eu queria passar mais tempo contigo, apreciar mais sorrisos, presenciar mais declarações de amor. Queria congelar o tempo - poder observar tudo aquilo que forma você, todas as células que fazem parte do seu ser. Queria passar a vida ao seu lado, crescer, amadurecer, aprender com você, aprender a viver amando e sendo amada. Queria carinho, queria atenção, queria mais um pouquinho de você, saber mais sobre você, e quem sabe até desvendar todos seus segredos internos. Queria participar do seu mundo, mergulhar em seu oceano, entender como e porque você é assim, compreender o que te faz tão especial para mim. Eu queria apenas mais tempo - mais tempo pra amar, mais tempo pra rir, pra te abraçar, pra ser feliz. Queria mais tempo pra ser eu mesma, pra te agradar, pra conversar e te ouvir. Queria saber sobre você, sobre o que te faz bem, sobre o que te faz feliz. Queria te fazer feliz. Queria inundar seus pensamentos, estar contigo pra onde quer que fosse, viver na sua cabeça, no seu coração. Queria ser a força que te movimenta, a razão para suportar. Queria que soubesse que sou sua, assim como o sol pertence ao dia, e a lua pertence à noite - meu amor pertence a você. Quero ser sua amiga, mulher, amante, confidente, única. Quero ser quem é sua.

31 de jul. de 2012

Confusion - Is nothing new

E eu preciso que você saiba que amanhã eu posso não estar mais ao seu lado, e que você, como uma pessoa que diz me conhecer, está ciente de que, como um ser mutável, pode ser que isso venha a acontecer. As pessoas estão demasiadamente cegas e desacostumadas com esse negócio de satisfação e felicidade eterna, mas existem tais coisas. Estão afundadas demais nessa coisa de "permanência", mas não existe tal coisa. Jamais se apoie em tal palavra. Preciso que saiba que eu perdoo, mas que somente o tempo pode fazer com que isso aconteça. Preciso que saiba que acredito no amor e em todos os seus benefícios, e que fico indignada com a facilidade das pessoas de proferir palavras falsas e sem sentimento algum, palavras vazias e vãs, que jamais deveriam ser ditas. Acredito que o amor, quando acontece, quebra todas as barreiras de tempo, espaço, lugar; ele simplesmente acontece. Esteja pronto para ele, o receba de coração aberto, jogue-se e renda-se a ele. Espero estar pronta no dia em que eu tiver que vencer meus medos, superar meus limites, espero que eu realmente esteja livre deles um dia... Mas nessa minha cabeça, meio contraditória, meio ambivalente, vou passando por sentimentos opostos de segundos em segundos, tentando convencer a mim mesma a dar mais uma chance, ou me afogando num sentimento horrível de rancor. Espero pelo dia em que me tornarei talvez menos mutável, talvez mais estável. E com o tempo percebi que aquela garotinha inocente, inundada por dúvidas a respeito da vida, sempre alegre e risonha, que estava sempre bem, foi vivendo, mas sempre com medo de endurecer e perder as faíscas que a faziam acelerar, com medo de perder o seu entusiasmo por viver, o seu amor pelas pessoas, o seu calor. E agora percebo que não deixei de ser feliz, não deixei de ser quem sou, apenas amadureci. Aprendi a ser ar, a ser água, a ser terra e a ser fogo. Aprendi que cada momento da vida demanda uma conduta diferente, que não dá pra ser todas ao mesmo tempo, que é preciso esperar o tempo certo. 

18 de jul. de 2012

Perdas e ganhos

Meu erro foi dar querendo receber, amar querendo ser amada, entender e querer ser entendida. Meu erro foi ajudar e querer ser ajudada, ouvir e querer que me escutem, sorrir e querer que retribuam. Meu erro foi olhar para o sol e ser cega pela luminosidade. Meu erro constante é esperar que os outros sejam como eu sou, que os outros pensem como penso, que os outros façam o que eu faço. E então eu erro em pensar que se eu admitir meus erros, os outros admitirão também. O meu erro me levou a perceber que errar é errado, mas que saber que errou é o primeiro passo para acertar - então talvez eu estivesse no caminho certo. 
Meus erros me trouxeram arrependimento, dor e sofrimento, que no futuro seriam chamados de "aprendizados". A dor e o sofrimento serviram de ensinamento, me fizeram ser quem sou hoje, e acredito que vou e posso melhorar a cada dia, gradativamente ir me soltando dos nós que me prendem e me fazem recair. Meus erros, entretanto, foram meios que me fariam acertar, caminhos tortos que me levariam à vitória, falhas que me mostrariam a luz. 

9 de jul. de 2012

Futurismo

Eu não me importava pelo fato de você não estar lá me acompanhando, haviam outros pontinhos brilhantes no céu que me acompanhariam durante todo o percurso. Eu não sentia a solidão ao meu lado, estava plena com apenas o brilho dos pontinhos refletindo em meus olhos - eles já não estavam úmidos e não imploravam mais por um momento que pudessem desabar. A brisa fresca e gélida do início do anoitecer passava por mim como quem não notava a minha presença, e fazia questão me mostrar isso. Eu gostava de passar pelas ruas movimentadas, cabelos ao vento, passos curtos e ligeiros que me davam a impressão de estar flutuando. Os veículos que passavam por mim pareciam estar desesperados para chegarem em suas casas e descansar de mais um exaustivo dia. Conseguia perceber a força do meu corpo, das minhas pernas que me proporcionavam a possibilidade daquela caminhada estar acontecendo, escutava o barulho do meu próprio coração lutando para manter-me viva e útil e minha respiração oxigenando todo o meu corpo. Um sorriso abria-se em meu rosto quase que involuntariamente e sim, naquele momento eu estava feliz por estar viva e ter sobrevivido por todo esse tempo. Meus olhos brilhavam! - finalmente pude sentir o que isso significava. Conseguia perceber como eu era capaz de alcançar meus objetivos, realizar meus desejos, saciar meus quereres - sentia-me forte. Acabei percebendo que realmente tenho tudo aquilo que necessito para ser feliz.  Devo estar no caminho certo para descobrir o significado de "estar viva"...

5 de jul. de 2012

Exaustão

O vento se cansa de passar
Por tantas esquinas e lugares
Por tantos cacos e quimeras
Por tantos ares e tantas eras.


O sangue se cansa de pulsar
Por tantas artérias quebradiças
Por tantas cicatrizes abertas
Por tanta ira em tantas eras.


A mente se cansa de pensar
E decair, com tantos pesares,
E de sorrir, com tantos detalhes...


Os olhos se cansam de piscar
E de abrir, ver tantos horrores,
E tentar ignorar temores...

29 de jun. de 2012

O corvo

Peço desesperadamente que não despertes esse sentimento em mim novamente, que não me infeste com essa raiva colérica. Engulo em seco o meu desgosto, minha desaprovação com metade de mim mesma, metade de tudo o que proporcionou a minha existência. Peço desesperadamente que meça tuas palavras, que sejas tão inteligente e sabido como dizes que és, a ponto de prever o que deve ou não ser dito. Peço que não tentes fingir que a seriedade está ausente em certos assuntos com esse teu tom sarcástico e arrogante. Se soubesses o que desperta dentro de mim - sinto como se toda a sujeira do mundo corresse por minhas veias, rasgando-as. Sangrando um líquido negro, infectado, impuro, denso, que vai aos poucos arrancando o resto de vida do meu corpo. Depois de um "adeus", pode ser que não exista outra chance. Você sabe disso, eu sei disso. O momento em que nossos olhares se despedem, essa pode ser a nossa última lembrança. Doí em ti, a cada despedida? A cada tentativa de construir um "para sempre"? Apenas assumas o teu papel e aja conforme ele. Apenas sejas quem precisamos que sejas, nada mais. Apenas traga a limpidez novamente para a outra metade de mim. Pode fazer isso por mim...?

21 de jun. de 2012

Lost

Era um momento difícil para a garota - sua cabeça estava repleta de pensamentos ambivalentes e conflitantes. Seus sentimentos jamais poderiam ser compartilhados, ninguém jamais a compreenderia completamente. Ela tinha esse pequeno lugar guardado para si mesma, um lugar onde ia para perder-se em pensamentos insanos e se impressionar com o curso de seus pensamentos. Gostava de perceber as barbaridades que pensava e a velocidade com que apareciam. Por um momento, pareciam até fazer sentido, mas depois, ofuscados pelo seu lado racional, nada mais fazia sentido. Ela constantemente soluçava, na tentativa de segurar as lágrimas que imploravam desesperadamente para cair. Ouviu tanto que lágrimas eram sinônimo de fraqueza, que tentava escondê-las. Ela não conseguia se encontrar. Ela havia se perdido em outras partículas, em outros planetas, em outras eras.

18 de jun. de 2012

Sonho lúcido

Sempre tive esses meus sonhos - meio malucos, meio impossíveis - mas sempre os tive. Sempre tive essa vontade de viver uma vida agradável, não muito luxuosa, não muito esnobe, não muito acima. Sempre tive essa vontade de perder-me no mundo, conhecer um milhão de lugares, um milhão de pessoas, um milhão de coisas. E sempre tive essa vontade de deixar um pouco de mim em cada lugar, pessoa ou coisa, pois assim eu me tornaria um dia, talvez, a estrela de alguém. Sempre quis achar esse alguém que me compreendesse, que ouvisse meus pensamentos caóticos e delirantes, meu desejos ardentes e afáveis, minhas histórias exageradas e estimulantes. Sempre idealizei, e ao mesmo tempo, me perdia em meus quereres - era tanta coisa! Sempre fui essa menina, levada pelo vento aos céus, que procurava meios de se expressar de alguma forma que não fossem palavras proferidas, pois nunca fui muito boa com elas... Sempre achei que me conhecia, todos os meus limites, meus diferenciais, que faziam de mim uma garota única. E sempre tive medo - medo de tornar-me dependente, medo de não saber amar, medo de não ser o suficiente, medo de não agradar, medo de me prender, medo de me entregar. E quando percebi, tinha parado de me importar com esse meu lado tão racional, sempre buscando perguntas e respostas para tudo o que acontece. E acabei que me esqueci de que não temos controle sobre certas coisas, que às vezes, nem tudo tem uma resposta satisfatória, e que tens que deixar-se levar pelo coração de vez em quando. E então eu fui com tudo - meu entusiamo, minha vontade, minha energia -  e cá estou, protegida pelo melhor abraço, ao lado da melhor companhia, sendo amada pelo melhor amor. E aqui quero permanecer, sem medos, sem hesitações, sem brigas. Quero estar ao lado de quem me faz bem, mas não só bem, a melhor! Quero te trazer felicidade em todas minhas ações e pensamentos! Quero ser para ti, a causa e as consequências de tua alegria, a força que faz com que teu frágil coração ainda continue a bater. Quero ser para ti, tudo o que és para mim - sorrisos, brilhos e extasia!

15 de jun. de 2012

Hopes and Fears

Você acha que seus pensamentos te matam vagarosamente... Bem, você pode estar errada. Talvez você apenas não consiga lidar com o que está dentro de ti, todos os teus medos, pavores, temores. Pare um pouco, reavalie isso tudo. Do que tens medo? Por que tens medo? Da escuridão? Da solidão? Do mundo? Talvez você devesse tentar seguir linhas de pensamentos diferenciadas, talvez devesse tentar mudar. Você consegue ao menos ficar bem apenas consigo mesma? Você analisa tanto os outros, defeitos, comparações, e esquece que você é igual a eles. Você tem defeitos, problemas, medos. Pare um pouco de olhar para os outros, e olhe para si mesma. Você não conseguirá ajudar ninguém se não estiver bem, não conseguirá conhecer ninguém se não conhecer a si mesma, não amará ninguém se não amar a si mesma. Experimente o medo de uma forma diferente. Fique no escuro, sozinha. Sinta o medo, sinta o medo aparecer, mas não se deixe dominar por ele. Ele apenas existe na sua mente. Controle-se, controle a sua mente, antes que ela faça isso primeiro. 

14 de jun. de 2012

A dor de sentir dor

Dor que te faz existir,
Que te infesta de agonia,
Dor que te faz persistir
E que te muda a cada dia.

Dor que testa se és capaz,
Que te cega e te rasga
Dor que te afasta da paz
E te torna mais amarga...

Dor que te faz detestar
Que dilacera, corta,
Que não cede, adoenta,
E que não vai terminar.

9 de jun. de 2012

Tu Tens um Medo

Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo dia.
No amor.
Na tristeza
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno.
Não ames como os homens amam.
Não ames com amor.
Ama sem amor.
Ama sem querer.
Ama sem sentir.
Ama como se fosses outro.
Como se fosses amar.
Sem esperar.
Tão separado do que ama, em ti,
Que não te inquiete
Se o amor leva à felicidade,
Se leva à morte,
Se leva a algum destino.
Se te leva.
E se vai, ele mesmo...
Não faças de ti
Um sonho a realizar.
Vai.
Sem caminho marcado.
Tu és o de todos os caminhos.
Sê apenas uma presença.
Invisível presença silenciosa.
Todas as coisas esperam a luz,
Sem dizerem que a esperam.
Sem saberem que existe.
Todas as coisas esperarão por ti,
Sem te falarem.
Sem lhes falares.
Sê o que renuncia
Altamente:
Sem tristeza da tua renúncia!
Sem orgulho da tua renúncia!
Abre as tuas mãos sobre o infinito.
E não deixes ficar de ti
Nem esse último gesto!
O que tu viste amargo,
Doloroso,
Difícil,
O que tu viste inútil
Foi o que viram os teus olhos
Humanos,
Esquecidos...
Enganados...
No momento da tua renúncia
Estende sobre a vida
Os teus olhos
E tu verás o que vias:
Mas tu verás melhor...
... E tudo que era efêmero
se desfez.
E ficaste só tu, que é eterno.



- Cecília Meireles

Aware

Você tem que estar ciente dos malefícios que aquilo pode te trazer. Tem que se perguntar se realmente vale a pena. E nos dias em que tudo se torna duvidoso, nos dias que começa a se questionar, tem que se manter firme e decidida em relação às suas decisões. Resta a você saber se deve continuar a lutar por isso, se esforçar e gastar sua energia com isso. Resta a você saber o que quer.

31 de mai. de 2012

O último vôo

Você pode fingir um sorriso, mas nunca a felicidade. Você pode fingir suas lágrimas, mas nunca a solidão. Todos os dias, as noites chegam mais depressa para mim, e trazem a escuridão consigo. Toda noite, uma queda, lágrimas, e uma mente caótica. Assim, toda noite crio meu próprio inferno, bebendo o veneno que afasta a paz de espírito. Está na minha mente, tudo o que pode me destruir. Quem há de dizer que pensamentos não matam? Sou corrompida pelo caos e cansaço, e engolida a cada noite por eles.
Sinto-me como um pássaro que um dia fora cheio de cor e vontade, mas que hoje mal possui forças para levantar o vôo. É como se existisse algo que me puxa para baixo ( e não me refiro à gravidade). Essa força devastadora realmente existia, não era apenas mais uma de minhas impressões: existia um pequeno pedaço de barbante resistente que, com um nó, segurava uma pedra igualmente pequena. Esse barbante estava firmemente presto à minha pata, e era isso o que tornava voar tão difícil. De início, era apenas uma pedra cinzenta que tinha por finalidade invadir meu mundo com sua cor, e, apesar de pequena, tinha um poder enorme sobre mim. Como uma pedra que consegue se reproduzir, sendo capaz de duplicar de tamanho de três em três dias, ela crescia e crescia. Cada vôo era exaustivo, cada tentativa poderia ser a última, e cada momento nos ares era doloroso e extraordinário. Quem sabe um dia eu seria capaz de voar sem sentir dor, ou talvez ver a noite com outra visão. Quem sabe um dia eu fosse capaz de voar...

27 de mai. de 2012

Adjustment

"Somente a concentração e a serenidade absolutas, que provêm do encontro do próprio centro interior, permitem que tal situação de equilíbrio se produza. O mais ligeiro pensamento que distraia a jovem a fará oscilar, destruindo o equilíbrio encontrado, a harmonia, que é a natureza do Universo. É preciso estar totalmente centrado e em equilíbrio interior para que as grandes e novas idéias que agora estão surgindo dêem frutos. A partir de uma posição de equilíbrio tudo se desenvolve de maneira equilibrada: no devido lugar, com o devido valor. 
As tempestades da vida nos fazem perder o equilíbrio repetidas vezes. A mudança constante entre centrar-se e descentrar-se é o processo que nos ensina a ser mais conscientes a cada momento que passa, de modo a manter a paz e a clareza interiores, quando as encontramos."

25 de mai. de 2012

Alomorfia

Um túnel se fecha no fim do caminho, você já não sabe se continua ou se fica. Não sabe se respira ou se desiste, não sabe se sorri ou se entrega. Num precipício, não sabe se pula ou insiste. Respire fundo, não é hora de entregar os pontos. Lembre-se daquela sensação de estar caindo... e de repente: nada. Está sendo puxada pelo vento, carregada de pensamentos desesperados. Você sabe que vai cair, mas ainda sente uma falsa esperança de que algo a fará aguentar mais tempo. Eu preciso que você encare isso: você vai cair. Pode rezar, se angustiar, mas não vai mudar o fato de que você cairá. Use todas as suas forças em vão, sua mão vai escorregar. Seu suor impregnado pela ambivalência funciona como catalisador na sua queda. É torturante, dedo por dedo você chega no limite da instabilidade. Você acaba não tendo mais como se segurar e desiste. Você se solta e cai, e cai. Aceite a queda, deixe-a fazer parte do seu ser. Você nunca esteve tão agoniada - o que sentimos antes da morte é algo inexplicável. Aquele momento, seus últimos segundos de vida que talvez sejam apenas um caminho para que a sua verdadeira vida comece. Não perca esse momento, deixe-o apossar-se de ti. E antes que possa tocar no chão novamente, tudo aquilo vira um vão - sem cor, sem cheiro, sem gosto, nem nada. Aí você descobre o que a morte é. Não é um fim, é um vácuo. É um vão sem ar, sem pensamentos, sem sentimentos, sem dor. A morte apenas é - sem conceitos ou definições.

Girl, Interrupted

- I'm ambivalent. In fact that's my new favorite word. 
- Do you know what that means, ambivalence? 
- I don't care. 
- If it's your favorite word, I would've thought you would... 
- It "means" I don't care. That's what it means. 
- On the contrary, Susanna. Ambivalence suggests strong feelings... in opposition. The prefix, as in "ambidextrous," means "both." The rest of it, in Latin, means "vigor." The word suggests that you are torn... between two opposing courses of action. 
- Will I stay or will I go? 
- Am I sane... or, am I crazy? 
- Those aren't courses of action. 
- They can be, dear - for some. 
- Well, then - it's the wrong word. 
- No. I think it's perfect. 

21 de mai. de 2012

Crises

Tanto a dizer que palavras não diriam nada. Tanto a ouvir que só nos resta o silêncio. As pessoas que estão conosco na foto vão mudando. Temos medo dessas mudanças. Sofrimento que ninguém nota, que ninguém escapa, sofrimento gerado pela impermanência, sofrimento do sofrimento, sofrimento da possível mudança. Talvez nós consigamos escapar. Vivemos numa condição onde nos falta visão, mas como falta para todos, ninguém percebe. Simplesmente vá, não escolha por onde. Somos guiados pelo automatismo. Tudo é tão automático que agir automaticamente também virou automático. Nós erramos. Imaginamos que coisas externas nos trarão maior felicidade e satisfação e esquecemos do nosso mundo interior. De repente, alguém percebeu que se entendermos o mundo interior, entenderemos o mundo exterior. Observe o mundo interior. É inevitável que as coisas envelheçam e percam os seus valores na nossa frente. A realidade atravessa as paredes da racionalidade. Como a mente cria coisas novas? Como a gente se engana? Enfrente a névoa da sua mente. Não obedeça a nuvem de distrações. Quando estamos em crise, tudo à nossa volta está disperso. Seja compassivo. Elimine as complicações. A liberdade da mente é possível. Nós não somos as nossas qualidades, apenas nos associamos à elas. O esforço produz a sensação de dor.  Às vezes vemos o nosso mundo quebrado e sentimos falta de uma estrutura rígida de nossos referenciais, sentimos falta do nosso chão. Temos a sensação de que estamos aqui porque nosso corpo está, mas nossa mente está por aí. Onde a sua mente está?

13 de mai. de 2012

Valeur

Problemas, discussões, lágrimas, desafios, enigmas - tudo isso sempre fará parte de nossas vidas. O importante é que sejamos capaz de seguir em frente, juntos. O que importa é que continuemos juntos. É importante que você seja forte, que consiga enxergar um porque para continuar. O importante é lutar, mas não apenas isso: é importante lutar por algo que valha à pena. 

Memento Mori

A luz da vida se enfraquece,
No peito a dor se amortece.
Os pés descalços se afundam, 
Os sons da noite se difundem,
E faço da morte um abrigo.


Nú, à beira do precipício,
Sei que perdi desde o início.
No espelho, não há ninguém,
Além de sombras e desdém. 


Ao menos tudo já sei foi,
Toda a angústia me foi levada,
À espera de minha jangada,
Aceito essa dor que destrói.


Escrito pelos irmãos D.M.M.

9 de mai. de 2012

Impiedosa poeira

Eram palavras suas saindo de minha boca:
- Eu não aguento mais, eu não aguento mais, eu não aguento mais, eu... não aguento... mais...!
Às vezes até as lágrimas se cansam de cair, e o sangue cansa de correr por exaustas veias, que cansam de bombear o frágil coração. E até o ato de sentir dor cansa. E os seus trêmulos dedos cansaram de digitar. E seu cérebro cansou de lembrar. Passado bom é passado acabado...está bem, talvez não seja possível existir um passado bom. Parece que o que fica na memória são as fumaças negras que de vez em quando fazem questão de aparecer para você, apenas para que você se lembre que elas realmente existiram, e que não é para você esquecê-las.
"Aqueles que não se lembram do passado estão condenados a repetí-lo." 
Eu não aguento mais...
Você está no escuro, você tem medo do escuro, mas não é sempre que consegue evitá-lo. Você escuta barulhos estranhos durante a noite, mas não existe a mínima chance de você abrir os olhos e ir atrás do que pode ter sido a causa do barulho. Seu medo te paralisa. Você pensa que talvez se você não abrir os olhos para enxergar as coisas ruins deixarão de existir. Você está errada. Você pode não estar vendo, mas sempre existirá algo que te fará lembrar. 

4 de mai. de 2012

Dualidade

Sentia-me como um som disperso
Que se espalhava tão rapidamente 
Quanto o perfume do belo universo
Pelas montanhas cobrindo o horizonte.

Sentia-me como um nó sem laço
Que prendia-se num leve embaraço,
Deixava perder-se no espaço
Enquanto definhava em seus braços. 

Sentia-me volúvel como uma brisa
Que uma hora ventava ferozmente
Que outrora se acalmava num instante...

Sentia-me volátil como uma chama
Que uma hora queimava ardentemente,
Que outrora apagava-se de repente...

2 de mai. de 2012

Dama-da-noite

Nessa noite serei como uma gata com pelos negros e sedosos. Estarei à espreita do mal, mas ainda esperando pelo bem. Andarei cuidadosamente pelas armadilhas da vida, desviando de todas e as deixando para trás. Vagarei pelas antigas ruas vãs que levam a lugar nenhum, apenas para que a Lua despeje seus raios brancos em mim. Pularei de pedra em pedra, de folha em folha, de montanha em montanha, fazendo o possível pra escapar de pensamentos maldosos, pessoas dissimuladas e de um passado nebuloso. Hoje à noite eu só quero paz e calmaria. Quero miar de beco em beco, correr livremente pelas árvores adormecidas, divertir-me incrivelmente apenas comigo mesma. Hoje à noite quero ser livre! Quero enxergar o reflexo da linda Lua em meus pelos brilhantes, quero realizar meus desejos mais gritantes! Quero ser levada com o vento para lugares inexistentes, inabitados, inexplorados. Quero sentir cada gotinha de orvalho me trazendo arrepios súbitos, quero escutar as risadas da noite, o perfume das damas-da-noite que dançam elegantemente sobre os céus. Quero ser aquecida pela luz intensa das estrelas, no céu invadido suavemente pela escuridão da noite, e banhado pelo início de novas oportunidades. Hoje à noite quero ser uma gata sábia, que pensa antes de falar e sabe como deve agir, quero ouvir palavras corrompidas e saber transformá-las em doces, que está pronta qualquer imprevisto e se adapta facilmente. Hoje à noite quero ser a única voz que teus ouvidos conseguem ouvir, as únicas patinhas peludas que conseguem te tocar, a única que ronrona apenas por te ver.


30 de abr. de 2012

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Queria apenas que fosses meu, quando sou completamente sua.

27 de abr. de 2012

Ao som de uma canção de ninar

E agora eu digo: vamos passear! Andar pelos diferentes sons, pelas diferentes cores, pelos diferentes tons! Escorregar em panos de seda, em musgos esverdeados, em túneis infinitos!  Vamos escutar diferentes vozes, diferentes nuances, escutar o silêncio da noite, o movimento das ondas do mar, o sangue sendo oxigenado em nossos corpos! Vamos sentir as gotas da chuva e lágrimas caindo em nossos rostos, de nossas faces. Vamos enxergar a intensidade da luz, a velocidade de um beija-flor, o ar passando por nossos corpos, a terra sujando nossos pés, as nuvem passageiras formando histórias em nosso céu! Vamos correr por entre as estrelas, pelo espaço existente entre o céu e a terra, pelas correntes marítimas e pelos lençóis freáticos frenéticos! Vamos mergulhar nos pensamentos mais obscuros e ternos, nos calores mais intensos e severos, nos amores mais verdadeiros e incertos... Vamos desvendar as dúvidas mais discretas, os labirintos feitos de pedras, os suspiros que desaparecem no ar... Vamos mudar os pretéritos mais que perfeitos, os presentes já desfeitos, o tempo que voa pelos mares, todos e quaisquer milhões de hectares! Vamos lutar pela força que desliza em nossas veias, pela dor daqueles que vivem sem eiras nem beiras, por quem não faz por si só, por que não sabe desfazer um nó. Vamos fazer tudo por aqueles que não anseiam viver, escrever para todos que não sabem se expressar, escutar a todos que nos tem algo a dizer!

25 de abr. de 2012

A vida

A vida pede por paciência:
Te mostra um poço, e espera que não caias...
Cava a sua cova, e espera que não morras...
Faz uma tempestade, e espera que não te molhes.

A vida é apenas um teste:
Te faz sofrer, e espera que cresças;
Te mostra a morte, e não quer que te rendas;
Te prende num labirinto e deseja boa sorte.

A vida é apenas triste:
Te mostra a felicidade que logo desaparece...
Te faz experimentar do doce que logo amarga...
Te entrega a luz que logo se apaga.

19 de abr. de 2012

Sorrow

O vento cortante atravessava sua pele, deixando cicatrizes para trás. Queria ser capaz de sumir a persistente dor que te persegue, desde tão cedo. Percebo que preciso mudar. Não posso parar no mesmo lugar que você está, e sofrer como sofres. Não suporto te ver assim, sua dor me causa dor, provoca lágrimas incessantes. Não suporto te ver assim. Reclamo da dor que sinto, e peço que eu seja capaz de perceber a dor alheia. Para todos aqueles que sofrem diariamente, sinto compaixão. Me sinto mal por reclamar de minhas dores. Dor é dor, dor dói, independentemente de qual seja. Tantas vezes foste capaz de notar melhoras, foste capaz de orgulhar-se por ter vencido - por estar melhor do que tantas outras pessoas que sofrem com dores. Tantas vezes comemoraste por estar sentindo-se bem, sorriste por sentir-se livre! Peço por favor, jamais desista dessa vida - por mais que sofrida - pois existem pessoas que precisam de ti. Eu preciso de ti. Jamais renda-se a dor que não te quer ver feliz, não te quer ver viva. A dor de alimenta do seu sofrimento, jamais deixe sua esperança morrer, e seu espírito luminoso perder os raios de luz. Eu preciso de ti. Jamais se sinta incapaz, jamais deixe-se afundar. Eu não deixarei. Tu és para mim - e por todo sempre serás - a fonte de inspiração que move cada passo meu, o exemplo de vitória que pretendo seguir. Desejo um dia conseguir tudo o que conseguiste, doar-se de corpo e alma à vida de seus familiares, ser forte e determinada o bastante para quebrar inquebráveis padrões de vida, e ainda - depois de tudo isso - manter-se erguida e seguir em frente, como quem jamais pensa em desistir. 

11 de abr. de 2012

Eternamente infinito

Teus olhos me guiam durante momentos mais escuros. E ainda que tenhas que andar só, jamais estarás sozinho. E ainda que sintas tristeza de vez em quando, sempre estarei aqui para tirar um sorriso lindo do teu rosto. E ainda que não possamos estar ao lado um do outro todos os dias, eu sempre estarei perto de ti. E ainda que seja difícil sem te ter ao meu lado, aguentarei todos os dias firmemente, aguardando ansiosamente o dia que nossos olhares se encontrarão, e nossos lábios se beijarão, e faremos os relógios pararem.
Prendo-me fortemente aos teus abraços, aqueles que me mantém segura, que me mantém aquecida, que me fazem sentir amada. Eu preciso disso, preciso do teu toque que me acalma, da tua voz que me conforta, do teu ser que me completa. Preciso da luminosidade que me mostra o caminho que devo seguir, preciso das palavras carinhosas, dos gestos gentis, do sentimento único que nos envolve. Eu preciso sentir meu coração envolto e aquecido, coisa que só sinto quando estou contigo. Eu preciso da metade do meu sorriso, da metade do meu mundo. Eu preciso de você em todas as partes de mim.

8 de abr. de 2012

Vento

O vento passava com força, levando um pouco de mim consigo. Pudera eu ser forte como ele, e carregar os outros comigo, pra onde quer que eu fosse. Mas de certa forma, tínhamos algumas coisas em comum: eu passava muitas e muitas vezes pelos mesmos lugares, procurando por uma curva que me fizesse mudar de direção, por um soprinho a mais que fizesse meu caminho mudar. Havia me esquecido de que meu percurso só mudaria, se eu também mudasse.
E então, o vento mudou de direção.

4 de abr. de 2012

Imensidão azul

Eu precisava de alguém ali no fundo do mar, naquele exato momento. Estava prestes a me afogar, eram os últimos segundos que um ser humano aguentaria sem oxigênio. Era tudo tão escuro, e eu era a única humana por ali, o resto eram animais marinhos e plantas aquáticas. Eu não possuía guelras. Eu não conseguia respirar debaixo d'água, diferente de todos os seres que ali se encontravam. Meu destino estava traçado e não havia nada que eu pudesse fazer para impedí-lo. Estava fora do meu alcance. Eu não era capaz de respirar, e o que me restava era morrer aos poucos e poucos, até por terminar completamente asfixiada. Não adiantava tentar chorar, lágrimas são imperceptíveis quando se está debaixo d'água. Estava tão fortemente presa ao fundo que mesmo que aparecesse alguém ali por perto, não me veria. Eu estava fora do alcance da visão humana. 
E o tempo ia passando mais devagar do que nunca... Eu me perguntava como havia parado ali, o que poderia ter feito para impedir esse acontecimento, e quanto tempo ainda me restava: era claro que não faltava muito. Não havia ninguém... Nenhum corpo humano vivo que pudesse me arrancar dali e me fornecer o tão precioso oxigênio que talvez pudesse salvar a minha vida. E eu pensava naqueles que podiam respirar, mas que não mereciam estar vivos; pensava também nos milhares de seres humanos que também morreram asfixiados, assim como eu. De repente me senti menos especial. Senti como se talvez eu também não merecesse aquele oxigênio que fora tirado de mim. Consegui me ver como quem eu realmente era: apenas mais um corpo perdido, afundado, asfixiado, naquela imensidão azul.

Felicidade Clandestina

"E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito: como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra."

26 de mar. de 2012

Móbile num furacão

Onde foi que aquela explosão ambulante se perdeu? Quando foi que ela se deixou ser engolida por ordens e regras alheias? Quando foi que ela passou a preferir não fazer nada para não ter que aguentar caras feias e palavras desagradáveis? Como pode deixar isso chegar à esse ponto? Como pode preferir ser apagada aos poucos por causa de birra alheia? Você costumava ser mais forte. Você lutava, discutia, brigava por seus quereres e vontades. Você não deixava passar ofensas e nem seguia ordens inapropriadas. Você explodia e não havia nada que pudesse te conter. 
Você murchou, esfriou, se encolheu, e ainda crê que foi por um mal menor.
Você errou.
Bom... faz tanto tempo que nem lembro se pelo menos ela sentia-se satisfeita, sendo quem era, sendo um vulcão em ebulição.
Mas você...? Está claro que esse não é um mal menor, é um mal que vai crescendo com o tempo, virando uma enorme bola de neve. Essa bola de neve está te esmagando, está te engolindo. Não se deixe perder! Exploda! Ponha limites! Jamais deixe algum ser atravessá-los!
Faz um tempo desde que você foi parando de pertencer à esse lugar, você não se encaixa mais. Você permitiu isso, você deixou acontecer. Agora trate de se corrigir, trate de ser você mesma!

- Não dance conforme à música, faça você a música que será dançada.

25 de mar. de 2012

Por ora e todas as horas

Se por ora desejo-te em meus braços, já não o tenho...
Se por ora tenho-te ao meu lado, num piscar de olhos, já não o vejo...
Se por ora desmancho-me em lágrimas, e sofro a dor da saudade recente, já não sei como aguentar...

Se por ora tudo parece perfeito, um raio atinge meu peito, e me faz desacordada...
Se por ora chegou o momento, o tempo dá um jeito e me acorda de meus sonhos...
Se por ora dois dias de alegria não bastam, apenas devo me contentar...

Se por ora e todas as horas desejo-te, e já não o tenho, se por ora e todas horas amo-te, e já não o vejo, apenas posso me contentar...

Conceitos

Pense bem no conceito de amigos e inimigos. Amigos, aqueles por quem você sente muita afeição e te trazem alegria, podem e irão alguma hora te fazer sofrer. Inimigos, aqueles que você quer distância e te trazem sofrimento, podem e irão alguma hora fazer você crescer, te trazer oportunidades e mostrarão aquilo que você precisa mudar em si mesmo.
Amigos: sempre tão disponíveis e afastados, tão ausentes e indispensáveis, tão insensíveis e amorosos. Sempre tão reais e falsos, tão lindos e apagados, tão importantes e vazios...
Inimigos: tão insuportáveis e semelhantes, tão repugnantes e presentes, tão dissimulados e diretos. Sempre tão infelizes e queridos, tão desagradáveis e sorridentes, tão inconsequentes e necessários...

21 de mar. de 2012

Tomara


Tomara
Que você volte depressa
Que você não se despeça
Nunca mais do meu carinho
E chore, se arrependa
E pense muito
Que é melhor se sofrer junto
Que viver feliz sozinho

Tomara 
Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...

Vinícius de Moraes