19 de nov. de 2012

Iluminada

O som das ondas se quebrando no mar toma conta de mim - e me quebra também! Com sua invencível correnteza, vejo-me vulnerável; à mercê de sua vontade. E você me quer! Me puxa, me arrasta, me tira o fôlego, me tira a vida, aos poucos. Onda após onda, vou soltando as rédeas da consciência e, desesperadamente, conformo-me com a situação. Não vejo outra saída, senão entregar meu corpo a ti, aquele que ilusoriamente contém a minha alma, a minha vida. Pergunto-me porque fui eu a escolhida; porque naquele pedaço de mar salgado, naquela situação, afogada por aquelas específicas ondas que jamais se repetiriam novamente. Tento lutar contra a ideia - a sensação de desespero toma conta. Não queria sentir aquilo, passar por aquela situação - estava demasiadamente apegada ao meu "eu", ao ponto de partir junto com ele. Não gritei por ajuda, não pedi socorro - simplesmente aceitei o não-sei-o-quê que estava por vir. "Você queria morrer em silêncio?!" Não! Não queria partir! Não era a minha hora! Mas talvez você achasse que fosse a hora... talvez tenha me confundido com outro alguém. Tão jovem, cabelos vermelhos no mar, quase a me tornar uma porcentagem daqueles que sofreram e se foram da mesma forma - asfixiados pelo apego, pelo mar, pela falta de consciência e pela falta de voz que nos impediu de gritar. Não gritei porque pensei que eu não fosse, na verdade, em nada pensei. E fui salva! Alguma força maior do que aquela que me puxava resolveu dar mais uma chance. Eu estava ali, no mar salgado, sentindo a dor de quase perder essa preciosa chance. Eu sobrevivi. Não desperdice a sua chance!

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