31 de ago. de 2010

Sinto muito

Sinto muito se não sou forte o bastante. Sinto muito se estou tentando agir certo, agindo errado. Sinto muito se não consigo me segurar às vezes. Sinto muito se a saudade aperta de vez em quando. Sinto muito se tenho vontade de desistir de tudo. Sinto muito se desisto antes de tentar. Sinto muito por não controlar quando minhas lágrimas caem. Sinto muito se perdi a pilastra que me sustentava. Sinto muito se me sinto vulnerável. Sinto muito se temo decepcionar os outros. Sinto muito se não quero mais tentar. Sinto muito se jogamos tudo fora. Sinto muito se não quero enxergar a realidade. Sinto muito se estou afundando com a tua ausência. Sinto muito se não fui boa o bastante. Sinto muito se não fui feito um sonho seu.

30 de ago. de 2010

Enfeitiçada

"Estou deitada em minha cama. Rodas-gigantes em minha mente. Reviro-me, de um lado para o outro, tentando finalmente adormecer. Pensamentos demais para mim. "
Naquela noite, não conseguia dormir profundamente, ao ponto de existir alguma possibilidade de meus sonhos serem contigo, e nem de ter sonho algum. Os raros minutos em que conseguia dormir, rapidamente terminavam e, num susto, eu levantava me minha cama, aos pulos. A sensação que eu tinha é que eu estava caindo. Caindo novamente, nesse interminavelmente profundo buraco negro. Às vezes sinto essa sensação, de estar caindo... E num susto me levanto brutamente de minha cama. No fim da longa noite, finalmente consegui dormir. E quando arrisquei a abrir meus olhos, deparei-me com algo de beleza estrema. Não tive tempo para respirar. A beleza da Lua tirava o meu fôlego. Então, lá estava ela. Lá estava a minha preciosa Lua. Minha mais fiel e eterna companheira apareceu. E provou-me como nunca que eu não estava sozinha, apesar de tudo. Provou-me que, mesmo que eu passasse minhas noites sozinha, mesmo que eu passasse meu dias sozinha, ele sempre apareceria, de uma forma ou outra, em uma hora ou outra. Provou-me que por mais que eu não a visse, ela sempre estaria em algum lugar, para mim. Provou-me que eu era dela, e ela, minha.

29 de ago. de 2010

Morro

Morro do que há no mundo:
do que vi, do que ouvi.
Morro do que vivi.
Morro comigo, apenas:
com lembranças amadas,
porém desesperadas.
Morro cheia de assombro
por não sentir em mim
nem princípio nem fim.
Morro: e a circunferência
fica, em redor, fechada.
Dentro sou tudo e nada.

- Cecília Meireles

Insônia

"Simplesmente não consigo entender o que alguém pode ver em mim, ou o que ela vê em mim. Eu já tentei tantas vezes compreender. Existe algo em mim que a atrai. E ela não consegue esquecer isso. Não consegue esquecer. E eu vou tentar, tentar com que dê certo até que não haja mais possibilidade alguma."

Não conseguia dormir. Eram palavras suas, saindo de sua boca. Palavras suas sobre mim. Eu me revirava em minha estreita cama, iluminada pelo céu estrelado. Porém, a Lua não estava ao alcance de meus olhos. Portanto, meu desejo era ser o vento que bagunçava seus cabelos claros, que te acompanharia aonde quer que você fosse, que entraria no seu quarto, que dormiria contigo. Seria o ar que você respiraria. Sonho, era apenas um sonho.
- Talvez eu tenha tirado a sua última frase da minha mente.

28 de ago. de 2010

Olhares

Vi você em meu caminho. Não pude acreditar. E num segundo, tudo tornou a voltar. Você não havia me visto, mas eu já te via há tempos. Meu coração não podia parar de bater, não naquele momento. Procurei por ti outra vez, mas você só estava em minha mente. E assim, voltei para te procurar, e te olhar novamente. Palavras não trocadas, diálogos não feitos. Olhares meus, não teus. Um minuto perto de você, e o meu "eu" muda completamente. Eu só queria ficar no mesmo lugar que você, trocar olhares com você, fingir que estou me divertido, como você está, sem mim. Tento me distrair, fingir que você não está mais aqui. Tento desviar meus olhares que te procuram desesperadamente. Tento saciar meus sentimentos, emoções, desejos, com apenas olhares que duram segundos, antes que você perceba que estou olhando para você. Preciso me relembrar de seu jeito, da sua voz, da sua risada. Não devia. Não queria te encontrar. Seria melhor para mim, se eu não tivesse o visto. Mas, ao mesmo tempo, é agradável saber que ainda lembras de mim.

26 de ago. de 2010

Cantigas leva-as o vento...

A lembrança dos teus beijos
Inda na minh'alma existe,
Como um perfume perdido,
Nas folhas dum livro triste.

Perfume tão esquisito
E de tal suavidade,
Que mesmo desapar'cido
Revive numa saudade!


Florbela Espanca

Lágrimas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!


Florbela Espanca

24 de ago. de 2010

Lua Adversa

Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

22 de ago. de 2010

Discurso feito de olhar

Eu havia citado o seu nome ontem. E me orgulhava do fato de ter conseguido te esquecer, como achei que havia. Não acreditava que era você, quem estava ao meu lado. E num milésimo de segundo, tudo o que prometi que a mim mesma infinitas vezes que não faria novamente tornaram a me controlar. Não era uma possibilidade não olhar para você com meus olhos hipnotizados. Passei por diversos lugares aonde íamos. Minha mente viajava em constantes diálogos, monólogos, imagens, lugares, vozes, lembranças. As mínimas lembranças que tinham sido boas me cegavam tão intensamente que eu não conseguia visualizar tudo o que me havia feito desistir de você, de nós, desistir de mim.

19 de ago. de 2010

Invalidade

Não mais sinto como já me senti. Não mais te vejo como eu já vi. Não perca tempo lutando por algo que não luta por você. Uma porta se fecha, outras duas se abrem. É assim, sempre assim. Não existem formas para que eu consiga suportar, não irei conseguir. Os dias passam, e você me invade cada vez menos. O encantamento está no fim, então, deixe-o se perder. Tenha certeza, pois ele se perderá de qualquer forma.
- Talvez eu já esteja cega, de tanto olhar para o Sol.

13 de ago. de 2010

Ironia

Sinto minha sombra se movendo antes de mim. Sinto o vazio me preenchendo. Olho para a janela, é noite. Não pertenço à este lugar. Aonde você está agora? Faço promessas para mim mesma. Prometo que não vou reclamar. Cansei de esperar, cansei. Assumo riscos, arrisco-me. Espero, espero por nada. Espero por algo que nunca virá. Completude. Escuto promessas, incompletas, imperfeitas, invisíveis. Estou incompleta, invisível.

12 de ago. de 2010

Movimento Circular Uniforme

Há uma corda girando e girando, no ar, como se fosse uma hélice. Na ponta dela, existe uma pedra presa. Ela gira, incansavelmente. Essa pedra era empurrada por uma força maior que ela, por isso, ela não conseguia fugir desse ciclo. Entretanto, no ciclo só existia ela. Ela pensava que estava girando com mais alguém, mas se parasse para perceber, só havia ela mesma. Quando ela se deu conta disso, queria de qualquer forma escapar do ciclo. Alguns dias, ela recaía, e voltava a rodar lentamente. Outros dias, ela não suportava mais e girava cada vez mais rápido, para criar uma força maior do que aquela que a atraia e, quem sabe assim, ela conseguiria se soltar. Esses altos e baixos continuaram durante algum tempo, porém, um dia, ela se sentiu diferente. E começou a rodar tão depressa que tornou-se mais forte que a suposta ''força''. Finalmente, a pedra estaria livre da corda? Sim, dessa vez era verdade.

8 de ago. de 2010

Surpreenda-me

E, naquele momento, eu não estava no meu juízo perfeito. Estava ocorrendo uma guerra interna em mim, e eu agia de diferentes formas de um momento para o outro. "Dupla personalidade", alguns diriam, já eu, diria "guerra interna entre coração e mente". E depois, mesmo não estando mais lá, eu conseguia rever as imagens repetidamente. Eu voltei para casa, e me via parando no tempo, como se estivesse revivendo os mesmos momentos. E escutando as músicas que escutei, você era tudo em minha mente. E de repente, dormi pensando em você. E tudo o que eu queria era te ver novamente. Falar com você mais uma vez. Eu provavelmente gosto mais de você do que você pensa. Eu penso mais em você do que você sabe. E estou parada, olhando para o nada. Provalmente viajando em meus pensamentos de novo. E imaginando como será da próxima vez que nos virmos.
- E só me prometa algo, se puder cumprir.

4 de ago. de 2010

Confiança

Agora estou ciente de que a vingança não vale à pena. Agora sim eu sei o que o rancor e a sede de vingança podem fazer com um ser humano. Agora, eu sei que confiança não é algo que se encontra facilmente. Agora eu sei que não se pode confiar em uma pessoa, se ela já traiu a sua confiança. E agora, não consigo mais enxergar aqueles que realmente foram ''amigos'' meus. O resto de confiança que tem em mim só existem para duas pessoas. E jurei a mim que não ia depositar nem um pingo de confiança em quem não conheço realmente.



- Já não me sinto sufocada de tanta raiva. Estou forte e vou em frente.