25 de mai. de 2012

Alomorfia

Um túnel se fecha no fim do caminho, você já não sabe se continua ou se fica. Não sabe se respira ou se desiste, não sabe se sorri ou se entrega. Num precipício, não sabe se pula ou insiste. Respire fundo, não é hora de entregar os pontos. Lembre-se daquela sensação de estar caindo... e de repente: nada. Está sendo puxada pelo vento, carregada de pensamentos desesperados. Você sabe que vai cair, mas ainda sente uma falsa esperança de que algo a fará aguentar mais tempo. Eu preciso que você encare isso: você vai cair. Pode rezar, se angustiar, mas não vai mudar o fato de que você cairá. Use todas as suas forças em vão, sua mão vai escorregar. Seu suor impregnado pela ambivalência funciona como catalisador na sua queda. É torturante, dedo por dedo você chega no limite da instabilidade. Você acaba não tendo mais como se segurar e desiste. Você se solta e cai, e cai. Aceite a queda, deixe-a fazer parte do seu ser. Você nunca esteve tão agoniada - o que sentimos antes da morte é algo inexplicável. Aquele momento, seus últimos segundos de vida que talvez sejam apenas um caminho para que a sua verdadeira vida comece. Não perca esse momento, deixe-o apossar-se de ti. E antes que possa tocar no chão novamente, tudo aquilo vira um vão - sem cor, sem cheiro, sem gosto, nem nada. Aí você descobre o que a morte é. Não é um fim, é um vácuo. É um vão sem ar, sem pensamentos, sem sentimentos, sem dor. A morte apenas é - sem conceitos ou definições.

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