31 de mai. de 2012

O último vôo

Você pode fingir um sorriso, mas nunca a felicidade. Você pode fingir suas lágrimas, mas nunca a solidão. Todos os dias, as noites chegam mais depressa para mim, e trazem a escuridão consigo. Toda noite, uma queda, lágrimas, e uma mente caótica. Assim, toda noite crio meu próprio inferno, bebendo o veneno que afasta a paz de espírito. Está na minha mente, tudo o que pode me destruir. Quem há de dizer que pensamentos não matam? Sou corrompida pelo caos e cansaço, e engolida a cada noite por eles.
Sinto-me como um pássaro que um dia fora cheio de cor e vontade, mas que hoje mal possui forças para levantar o vôo. É como se existisse algo que me puxa para baixo ( e não me refiro à gravidade). Essa força devastadora realmente existia, não era apenas mais uma de minhas impressões: existia um pequeno pedaço de barbante resistente que, com um nó, segurava uma pedra igualmente pequena. Esse barbante estava firmemente presto à minha pata, e era isso o que tornava voar tão difícil. De início, era apenas uma pedra cinzenta que tinha por finalidade invadir meu mundo com sua cor, e, apesar de pequena, tinha um poder enorme sobre mim. Como uma pedra que consegue se reproduzir, sendo capaz de duplicar de tamanho de três em três dias, ela crescia e crescia. Cada vôo era exaustivo, cada tentativa poderia ser a última, e cada momento nos ares era doloroso e extraordinário. Quem sabe um dia eu seria capaz de voar sem sentir dor, ou talvez ver a noite com outra visão. Quem sabe um dia eu fosse capaz de voar...

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