4 de abr. de 2012

Imensidão azul

Eu precisava de alguém ali no fundo do mar, naquele exato momento. Estava prestes a me afogar, eram os últimos segundos que um ser humano aguentaria sem oxigênio. Era tudo tão escuro, e eu era a única humana por ali, o resto eram animais marinhos e plantas aquáticas. Eu não possuía guelras. Eu não conseguia respirar debaixo d'água, diferente de todos os seres que ali se encontravam. Meu destino estava traçado e não havia nada que eu pudesse fazer para impedí-lo. Estava fora do meu alcance. Eu não era capaz de respirar, e o que me restava era morrer aos poucos e poucos, até por terminar completamente asfixiada. Não adiantava tentar chorar, lágrimas são imperceptíveis quando se está debaixo d'água. Estava tão fortemente presa ao fundo que mesmo que aparecesse alguém ali por perto, não me veria. Eu estava fora do alcance da visão humana. 
E o tempo ia passando mais devagar do que nunca... Eu me perguntava como havia parado ali, o que poderia ter feito para impedir esse acontecimento, e quanto tempo ainda me restava: era claro que não faltava muito. Não havia ninguém... Nenhum corpo humano vivo que pudesse me arrancar dali e me fornecer o tão precioso oxigênio que talvez pudesse salvar a minha vida. E eu pensava naqueles que podiam respirar, mas que não mereciam estar vivos; pensava também nos milhares de seres humanos que também morreram asfixiados, assim como eu. De repente me senti menos especial. Senti como se talvez eu também não merecesse aquele oxigênio que fora tirado de mim. Consegui me ver como quem eu realmente era: apenas mais um corpo perdido, afundado, asfixiado, naquela imensidão azul.

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