4 de out. de 2012

Contraste

Os girassóis se fecham avisando a chegada do anoitecer.
Eles se fecham apenas com o intuito de se proteger.
Assim como os girassóis, eu me fecho.
E em vão, tento me proteger.
A brisa noturna, porém, me faz vulnerável, me faz frágil, me faz esquecer.
Esqueço de minha armadura, de meu porto-seguro. 
Esqueço que temo a noite, da mesma forma que a amo.
Esqueço-me de que à noite, não há ninguém comigo além daqueles pontinhos brilhantes  no céu.
Um céu que não é mais azul; um céu escuro, mergulhado no breu.
Eu temo o breu da mesma forma que o amo.
E eu temo a ambivalência, da mesma forma que a amo.
Cada um de nós carrega a faca que nos mata vagarosamente, perfurando o corpo centímetro por centímetro; e o veneno que bebemos gole por gole.
E no fim, somos nós que traçamos o nosso destino.
Eu temo o amor e o ódio, e ainda assim, os sinto sem relutância.
É equilíbrio, o que me falta, e justo ele, não temo.

2 comentários:

  1. também temo o anoitecer...

    But while our hearts still beat, do never forget it: you're never alone.

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  2. É de se espantar o que a noite faz com as pessoas, o poder que ela tem sobre nós...
    Tema o anoitecer, mas não tema a solidão, pois você jamais estará sozinha. <3

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