7 de dez. de 2012

Quem sou eu?

Havia esta pequena garota - talvez nem tão pequena assim - com um vestido vermelho, rodado, e com um lindo laço laranja que amarrava gentilmente seus cabelos loiros, brilhantes como o sol, caminhando como quem estava intensamente feliz, enquanto carregava uma enorme caixa de presente pelas ruas. Todo mundo que a via, ficava imaginando que talvez aquele presente fosse uma surpresa para eles, embora ela sempre passasse direto por qualquer pessoa - fato que os deixava perturbados. O presente não tinha destinatário certo e muito menos remetente, não se sabia o que havia dentro daquela linda caixa. A menina não conseguia segurar o sorriso em seu rosto, que por vezes até assustava as pessoas, pois não entendiam o motivo de tanta felicidade e também às vezes se pegava rindo sozinha - aquela risada gostosa, cativante. O relógio marcou onze horas, os sinos da cidade tocavam alegremente. Todos sabiam que aquela era a hora mais especial daquele dia, mas nem todos estavam cientes do porquê.
A garota era tão bela! Com sua pele branquinha e bochechas rosadas, lembrava-me de uma boneca que tive quando pequena. E como eu amava aquela boneca! Seus cabelos loiros, aquela fita de seda no cabelo... Lembrei-me de que eu queria ser como aquela boneca! Então me vi ali sentada em meu quarto, em plena manhã de sexta-feira, sete de dezembro, fazendo nada de mais: invejando uma garota que tinha avistado pela janela, saltitando alegremente pelas ruas daquela cidadezinha, procurando não sei quem para presentear.
De repente, e num momento totalmente inesperado, a campainha da minha casa tocou - logo imaginei que devia ser alguém fazendo propaganda de algum produto, ou talvez anunciando um produto novo que estava sendo lançado no mercado; nada disso me interessava. Hesitei em atender, quis até enrolar um pouco, na tentativa de adiar o encontro com a pessoa que estivesse me perturbando naquela hora, porém, acabei atendendo a porta. Para a minha surpresa, não era nada de propaganda, nem nada que pudesse me incomodar - era aquela belíssima menina que eu admirava pela janela, aquela que irradiava alegria e parecia ter tudo aquilo que eu já não tinha mais: o brilho nos olhos e o sorriso encantador... Ela não disse nem sequer uma palavra, apenas me entregou a caixa, mostrando-me que eu era a escolhida. Peguei a caixa e logo quis abri-la - a curiosidade estava me matando! Ao abrir a caixa, a única coisa que havia dentro dela era uma foto minha quando pequena, surpreendentemente vestida exatamente como essa garotinha estava! E de onde aquela foto havia sido tirada? Nem ao menos eu sabia de sua existência! E antes que eu pudesse perguntar algo à garota, ela havia sumido. Sem pensar muito, aceitei esse acontecimento e voltei minha atenção para a foto novamente. Pude lembrar-me de como eu era feliz e não sabia, de como eu era bela e não percebia, que eu era muito mais do que eu mesma poderia saber! Foi então que eu percebi que a menina do vestido vermelho e a menina da foto eram a mesma pessoa, e que elas duas eram a minha pessoa.

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