18 de jan. de 2012

O ar que respiro

Passava o tempo pintando as unhas, comprando vestidos novos e mudando de corte de cabelo. E que grande e útil vida era essa? Passava o tempo agradando a todos e aceitando tudo, dando conselhos que nem sequer seguia, repetindo erros que nem sabia que cometia, olhando para o além e esquecendo de si, se aborrecendo com palavras mal pensadas, se irritando com atos que até ela fazia, remoendo imagens e padrões do seu passado, escrevendo palavras que ninguém jamais lia. E que grandes feitos ela tinha em sua vida? Que grandes conquistas ela possuia? Teria ela se tornado uma pessoa melhor nesses anos? Passava os anos prometendo que faria o que nunca fez, inventando regras que não cumpria, adiando responsabilidades, e entre altos e baixos ela vivia. Haviam épocas em que ela se tornava intocável - nada nem ninguém a afetava, não sentia nada, esquecia o que era sorrir, o que era sofrer, esquecia de si. Em outras épocas ela chorava com gestos carinhosos, palavras verdadeiras e olhares apaixonados, sentia demais - por ela e pelos outros. Vivia esbarrando em coisas improváveis, vivia vendo coisas que não queria ver, vivia se afastando de fontes de sofrimento e ainda assim, vivia sofrendo
Mas sempre, sempre tinha o desejo de mudar. Não havia um dia em que ela não acordasse com um sorriso no rosto e radiante com a vontade de viver mais um novo e espetacular dia. Queria viajar por todos os minúsculos e gigantescos lugares, imaginários ou reais. Queria provar todos os gostos, sentir todas as sensações, respirar todos os ares, cheirar todos os odores. Queria tudo ao mesmo tempo. Mas será que tudo era real... ou pelo menos existia?

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