20 de mai. de 2010

Invisibilidade

Naquele instante eu estava no caminho de volta para casa. Toquei o interfone, ninguém atendeu. Toquei novamente, sem resposta. Depois de um tempo, consegui entrar. Subi as escadas ofegante. Eu só precisava chegar em casa. Algo claramente me pertubava. Algo que não era recente. Era antigo. E estava la comigo, há tempos. Eu não te amava. Eu só te procurava pois não havia mais ninguém para quem eu pudesse recorrer. Eu não preciso de você. Eu só preciso de alguém. Não estou triste por não ter você. A razão de minha tristeza é não ter ninguém para mim. Estou triste por não sentir nada. Não amo, e sofro. E quando amo, sofro. A diferença entre amar e sofrer e não amar e sofrer, é que amando pelo menos você tem algo de bom acontecendo ao mesmo tempo. Sim, eu sei que sofremos muito mais do que amamos, mas pior do que isso tudo é não amar, e sofrer. Pensava nisso, enquanto eu batia na porta ininterruptamente. Apertava a campainha, mas ainda nada. Desci um pouco das escadas e vi que as luzes estavam ligadas. Não tens noção de tanta coisa que passou por minha cabeça naquele momento. Comecei a ser tomada pelo desespero. Subi novamente as escadas, e comecei a bater novamente na porta. Encostei meu ouvido nela e procurei algum barulho, algum sinal que me provasse que havia alguém ali dentro. Só escutei o barulho da fonte de água, que caia e caia sem parar. Eu também me senti assim. Sentei-me nas escadas e lágrimas desesperadas e agonizantes despencavam de meus olhos numa velocidade impressionante. Fiquei ali por uns 30 minutos. Chorava subitamente. Eu não estava com o meu celular, e, se tivesse, não havia ninguém para quem eu pudesse telefonar. Senti-me só, mas do que nunca. Resolvi descer as escadas, e procurar alguma forma que eu pudesse ligar para alguém. Não havia forma alguma. Desamparada eu estava. E lá, permaneci.

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