4 de jul. de 2010

Pretérito Imperfeito

Era um dia especial, o aniversário do irmão dela.
- Por que você quer tanto me ver?
- Porque eu gosto de você.
Ela esperava o elevador, impacientemente. Chegando ao térreo, seus passos curtos, rápidos e determinados seguiam em frente com um propósito. No fim do caminho, lá estava ele. Ela ia em direção a ele, e ele em direção a ela. Cumprimentaram-se com um tímido "olá", e ele abraçou-a. Ela, com seu jeito desajeitado, quase não se sustentava em pé, sentindo o indelével perfume dele. E todas as vezes que eu passava por aquele mesmo lugar, eu sentia aquele abraço e aquele perfume. Logo após o abraço, eles começaram a caminhar. Ela não se importava em não dizer nada, afinal, o fato de ele estar ao seu lado fazia com que as palavras insignificantes não escapassem de sua boca, o que evitaria um esperado arrependimento.
Andaram juntos até um bloco. Ele pensava que iriam para a casa dela, mas ela não suportaria pensar que ele teria sido o único a entrar em sua casa, e que eles poderiam não possuir um futuro, juntos. Ela não pensava que eles teriam algum relacionamento sério, ou muito menos um relacionamento.
De frente para uma grade que os impedia de cair em direção a uma garagem, um curto e não muito interessante diálogo resultou em lábios que se encontrariam, e num beijo que eu jamais esqueceria. Os dois se separaram vagarosamente e andaram até uma banca de jornal. Ele havia comprado uma latinha de refrigerante, Fanta Laranja, para ser específica. Ele bebeu-a toda e deixou-a encaixada em um galho de uma árvore qualquer. Uma árvore que era qualquer naquele momento, mas que logo não seria mais.
Ele encostou-a contra essa árvore e foi se aproximando de seu rosto que logo ficou corado. Beijaram-se. Passaram várias pessoas por eles, mas nada importava para ela. Para ele, não faço idéia do que se passava pela mente dele! E no meio de outro beijo, ele deu uma pequena risadinha. O vento que passavam por eles era frio, e ela conseguia sentir o calor do corpo dele, enquanto suas mãos acariciavam sua nuca. E essa imagem ainda ficaria em minha mente.
O tempo foi passando, e ele tinha que ir embora. Foram até o ponto de ônibus e esperaram. Os braços dela o envolviam, mas ele não parecia se importar muito. Ele só queria ir embora. Ela queria que ele ficasse mais...Ele foi embora. E ela sabia, sabia que essa seria a última vez que eles se veriam. Eu sabia que esse dia nunca se repetiria.

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