Era tarde, e ela tinha se deitado há pouco tempo em sua desejada cama. Sentia-se vazia. Era uma nova sensação. Não se sentia dessa forma há tempos. Preparava-se para adormecer com suas antigas mágoas, quando se deu conta do que estava aparentemente escondido atrás de suas cortinas azuladas. A lua em conjunto com nuvens dançantes do céu estrelado. Não pode pensar nada além da beleza do subestimado satélite natural recentemente descoberto, que antes era visto apenas como apenas outro ponto luminoso, por mais que seja maior do que as estrelas, no céu. Nesse momento, na plenitude do luar, ela se sentiu nova, novamente.
E já poderia escutar aquelas músicas que, se antigamente ela ouvisse, desmancharia-se em lágrimas doloridas. Escutava as canções apenas sentindo uma irreconhecível saudade daquela época, em que ela ainda arriscava sofrer por alguém, real ou imaginário, só para não se sentir vazia. Vazia. Estava vazia agora. E ficou pensando quanto tempo demoraria para o próximo ''herói'' chegar. Mas, e se não tivesse nenhum outro que pudesse estar lá por ela, salvá-la e ser tudo o que ela precisava? E se ela tivesse que ser salva apenas por ela mesma? E se ela tivesse que se sentir completa apenas com ela mesma? E se não existisse mesmo ninguém para a completar?
Então, ela sorriu instantaneamente. Apesar de tudo, estava feliz em pensar que não precisaria de mais ninguém, além dela mesma, para a sua completude. Ela não precisaria de mais ninguém, porque ela já tinha a ela mesma. Ou seja, ela já estava completa e não dependia mais de nada.
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