18 de abr. de 2010

Rimance

Estou caída nem vale aberto,
Entre serras que não teem fim.
Estou caída num vale aberto:
Nunca ninguém passará perto,
Nem terá notícias de mim.
Eu sinto que não tarda a morte,
E só há por mim esta flor:
Eu sinto que não tarda a morte
E não sei com é que suporte
Tanta solidão sem pavor.
E sofro mais ouvindo um rio
Que ao longe canta pelo chão,
Que deve ser límpido e frio,
Mas sem dó nem recordação,
Como a voz cujo murmúrio
Morrerá com o meu coração.
- Cecília Meireles.

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