6 de dez. de 2010

Três

Corrompida pelo ódio. Impregnada por palavras alheias ditas na tentativa de consertar o que não possui conserto. Elas me feriram profundamente. Marcaram-me com timbres e sons indeléveis. E não sei se eu sobreviveria ao olhar para seus olhos envenenados, olhos de Basilisco. E nem mesmo ouvi as sílabas sendo ditas pelos seus lábios ensanguentados por mentiras e falsos sorrisos, falsas promessas. Li palavras escritas por teus dedos imortais, gélidos como uma vida sem um Sol para aquecê-la. Dedos rígidos, insensíveis. Vivo somente na tentativa de compreender o impulsivo, o sem sentido, sem razão, o insolucionável. Vivo na tentativa de apagar o indelével, escutar o não proferido, voltar ao tempo.  E se fosse possível? Apagaria eu todas as noites agonizantes em que secretamente gravei seu nome em minha mente? Aproveitaria eu os únicos instantes em que me permiti sentir a completude e felicidade me inundando? A falsa idéia de "felicidade" cegou-me e não queria devolver-me o dom da visão. Condeno-me por erros que jamais imaginei cometer, afogo-me num mar de culpa e estupidez que vai arrancando lentamente o restante de vida que faz de mim um medo ser mortal, que morre por ninguém, para ninguém, e com ninguém. Respiro um ar poluído, enxergo apenas o vazio, escuto ruídos e gritos de desespero. Minhas mãos tateiam por algum contato qualquer, desde que este seja humano e possa fornecer o calor que fora apagado de meu ser; desde que este saiba amar recíproca e ilimitadamente; desde que este consiga devolver-me o otimismo e o prazer em viver que há tanto tempo vem sido perdido.

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