5 de out. de 2010

Os sofrimentos

(...)
Por fim, os ardores da juventude se fizeram sentir, aumentados, naturalmente, pelos elogios dos homens; seus antigos prazeres foram se tornando, pouco a pouco, sem graça, até o dia em que encontrou um homem para o qual um sentimento desconhecido a atraiu com uma força irresistível e em quem depositou todas as suas esperanças. Esqueceu o mundo inteiro; nada ouvia, nada via, de nada gostava, a não ser dele, apenas dele. e só por ele suspirava. Como não estava corrompida pelos prazeres vazios de uma vaidade inconstante, seus desejos foram direto ao ponto: queria ser dele; desejava, nessa união eterna, encontrar toda a felicidade que lhe faltava, experimentas a um só tempo todas as alegrias pelas quais aspirava. Diversas promessas, que lhe renovavam as esperanças, carícias audazes, que lhe estimulavam os desejos, tudo isso acabou subjulgando a moça. Começou a flutuar em um sentimento confuso, antegozando todas as alegrias. Exaltou-se intensamente e, afinal, estende os braços em direção a todos os seus desejos... E o bem-amado a abandona... Antônita, desvairada, ela viu-se em face do abismo. A seu redor, a noite profunda, nenhuma perspectiva, nenhum consolo, nenhuma esperança: porque aquele em quem sentia resumir-se sua vida a abandonara. Ela já não via o grande mundo que se abria diante de si, nem os numerosos amigos que poderiam lhe atenuar o desgosto daquela perda; sentia-se isolada, abandonada por todos... E, cega, oprimida pelo horrível sofrimento de seu coração, precipitou-se no abismo para sufocar nos braços da morte todas as angústias que a consumiam.

- A mesma história acontece com muita gente...

(Pequeno trecho tirado do livro "Os sofrimentos do jovem Werther".)

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