11 de out. de 2010

Opostos se destroem

Em meio à multidão, dois opostos. Um olha para o outro. Eles já se conheciam. Um ignora o outro. É sempre assim. Ela prende a respiração. Ele, não. Indiferença, indiferença; faz, faz diferença. Seguem ao mesmo destino, evitando o outro ao máximo. Era intensamente difícil, e ao mesmo tempo, fácil, para ela. Os dois dividiam os mesmos amigos. Ela não olhava muito para ele. O orgulho a impedia. Bendito orgulho! Ela sabia que se olhasse, faria mal para ela. Mas estava ciente também de que, se não olhasse, se arrependeria depois; escolheu o arrependimento. Mesmo com todo o desgosto, desejo, orgulho, ela estava definitivamente decidida de que não lhe dirigiria a palavra e que não olharia em seus olhos venenosos novamente. E assim fez. Passaram um tempo "juntos" e simultaneamente "separados". Foi assim até o fim. Ela teve que ir embora. Não tinha certeza se comemorava ou fazia algo para ficar mais tempo lá. Ao andar pelo labirinto lotado com a multidão desconhecida, ela repassava seus atos e erros em sua mente. Seu coração batia com uma velocidade incrível, sua respiração mantinha-se ofegante. Seus passos eram desesperados, e percorriam o local depressa. Ela tinha lembranças, confusões, discussões, arrependimentos, desilusões, e bons momentos embaralhando seu raciocínio. Não sabia o que fazer, como fazer, para onde ir. Na procura insana por um portão de saída, ela deu o passo final. Não havia lugar para sentar, todos estavam ocupados. Ela não se importava. E aquela dor de cabeça que estava sentindo, já não a atormentava. Sem ação, permaneceu de pé, olhando para o nada, enquanto esperava sua mente e coração chegarem a um acordo, enquanto esperava seus pensamentos se acalmarem, enquanto esperava seu sistema respiratório voltar a funcionar. Desabava internamente como um prédio com falhas em sua construção. Mas procurou não demonstrar fraqueza em todo o caminho de volta para casa. 

- Não existem possíveis consolos. As palavras certas fogem constantemente de nossas bocas. Não existem opções. Não existem escolhas. Tudo está interligado. (repito essa frase tantas vezes somente na ilusão de convencer-me de que ela é realmente verdadeira.)


"Difícil é ter que agüentar ver você passar e não poder respirar do mesmo ar."

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